CRÍTICA | A Última Noite

Direção: Spike Lee
Roteiro: David Benioff
Elenco: Edward Norton, Barry Pepper, Philip Seymour Hoffman, Rosario Dawson, Anna Paquin, Brian Cox, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2002


Monty Brogan (Edward Norton) será preso por porte de drogas e precisa comparecer na delegacia nas próximas 24 horas, portanto, pretende se despedir e dar "xeque-mate" em quem precisa. Denunciado por alguém, Monty desconfia de tudo e todos, menos do seu leal companheiro Doyle, seu cão, que o resgata após encontra-lo gravemente ferido em uma noite, enquanto andava de carro com o ucraniano Kostya Novotny (Tony Siragusa), sua mão direita nos negócios.

Detalhes característicos da filmografia de Spike Lee (A Hora do Show) estão presentes em A Última Noite (25th Hour), como o famoso close-up em documentos ou fotos em um fundo preto, para vermos em destaque aquilo que o personagem olha com atenção, por exemplo. Assim como os pôsteres de filmes, presente na sala de estar do protagonista que é estampada com Rebeldia Indomável (1967), estrelado por Paul Newman (Estrada Para Perdição). Uma forma de dar um breve spoiler sobre a personalidade do personagem principal ao público.

Ao assistirmos a obra somos alvo da ode ao ódio de Monty, que critica e dispara tudo que detesta em diferentes pessoas, principalmente nos imigrantes e à figura de Osama Bin Laden, como um retrato psicológico do norte-americano em 2002, pós-ataque às Torres Gêmeas. Isso fica implícito até mesmo no comportamento mal humorado evidente de todos os personagens, em vários momentos em que tudo parece calmo. Até mesmo Doyle, o cachorro de Monty, é vítima desse temperamento.

Foto: 40 Acres & A Mule Filmworks

O elenco, rico em diversidade, reflete a pluralidade cultural de Nova Iorque, que recebe imigrantes de todos os lugares do planeta com propósitos diferentes sobre o que querem ser e como irão sobreviver na mais conhecida metrópole dos Estados Unidos. Além do protagonismo de Edward Norton (Brooklyn Sem Pai Nem Mãe), temos Rosario Dawson (Jogada Decisiva) como a esposa de Monty; Philip Seymour Hoffman (Missão: Impossível 3), como um professor e amigo do protagonista; e Barry Pepper (Predadores Assassinos), segundo amigo e acionista da bolsa de valores de Wall Street.

O roteiro de David Benioff (Game of Thrones) estabelece um mistério sobre quem exatamente foi Monty no passado, até o dia em que o DEA (Drug Enforcement Administration) apareceu com um mandado de prisão em sua casa. Ou seja, a noite que acompanhamos no filme não está sendo a última apenas para o protagonista, mas para todos que o cercam e decidem fazer tudo que têm vontade, mesmo que se arrependam mais tarde.

Por fim, o espectador é levado de um extremo ao outro com Monty, do pessimismo ao otimismo. Quando vemos sua ruína e seus pensamentos depressivos sobre o que ele poderia ter evitado, de certa forma conseguimos enxergar uma luz ao fim do túnel, em que ele consegue perceber que a vida pode ser um “copo meio cheio”, como o ditado. Ninguém odeia a Monty, nem o norte-americano em si. É apenas uma fase ruim, como em todas as vidas uma eterna montanha-russa, que quando sobe tem que descer em algum momento.

A Última Noite é perfeito para refletirmos sobre as nossas próprias vidas e as atitudes que temos no dia a dia. É preciso ter consciência que tudo que plantamos, por mais tarde que seja, iremos colher o resultado. E esse retorno nem sempre é do jeito que desejamos.

Foto: 40 Acres & A Mule Filmworks


Excelente

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