CRÍTICA | Os Miseráveis

Direção: Tom Hooper
Roteiro: William Nicholson, Alain Boublil, Claude-Michel Schönberg e Herbert Kretzmer
Elenco: Hugh Jackman, Anne Hathaway, Russell Crowe, Amanda Seyfried, Eddie Redmayne, entre outros
Origem: Reino Unido / EUA
Ano: 2012


Antes de qualquer coisa, devo dizer que não sou fã de musicais. Bom, talvez eu esteja sendo radical. Na verdade, não sou muito fã de musicais 100% cantados, aqueles que qualquer frase deve ser dita com melodia, o que torna algumas cenas esquisitas por si só. As exceções são Cantando na Chuva e Moulin Rouge (se bem que minha memória, nesse momento, não consegue lembrar se as obras citadas são inteiramente cantadas ou não). No entanto, acho extremamente importante que de tempos em tempos o gênero musical volte aos holofotes, afinal, o seu valor é incontestável para a 7ª arte. O último a ser premiado com o Oscar de melhor filme foi Chicago, em 2002. Agora chegou a vez de Os Miseráveis disputar a cobiçada estatueta.

Les Misérables é a adaptação da célebre obra de Victor Hugo, que conta a história de Jean Valjean (Hugh Jackman), um homem que passou 20 anos preso/escravizado por ter roubado um pão para dar de comer a sua sobrinha. Após receber liberdade condicional, e quebrar tal condição, o mesmo passa a ser caçado pelo inspetor Javert (Russell Crowe), que não sossegará até encontrar seu prisioneiro fugitivo. Nesse meio tempo, Valjean conhece a pobre Fantine (Anne Hathaway), a qual promete ajudar sua jovem filha. A trama se passa na França do século XIX, durante momentos chave de sua história, culminando nas barricadas da Rua Saint-Denis . 

A obra emociona em diversos aspectos, muito em função da entrega do elenco aos papéis. Quem assistiu a abertura do 81º Oscar (veja AQUI) já conhecia o talento de Hugh Jackman (Gigantes de Aço) para musicais, e o ator não decepciona, empregando uma carga dramática fortíssima ao seu Valjean. Quem também participou daquele número musical no Oscar foi Anne Hathaway (Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge), que aqui, surpreendentemente, aparece pouquíssimo em cena, mas sendo brilhante quando o faz. Seu desempenho na canção “I Dreamed a Dream” é de arrepiar, emocionante, sendo de longe o momento mais marcante da obra. E isso, de certa forma, é um problema para o filme, que em nenhuma outra cena consegue alcançar o ápice atingido pela atriz naquela canção.

Russell Crowe (do vindouro Superman – O Homem de Aço) também me surpreendeu positivamente, pois nunca imaginei o ator participando de um musical. Seu desempenho é muito bom, e seu vilão exala poder em tela. Curiosamente, seu Javert nunca chega a ser odiado pelo público, pois fica claro o que motiva suas ações. O restante do elenco também esta muito bem, e devo destacar Helena Bronham Carter (Sombras da Noite) e Sacha Baron Cohen (A Invenção de Hugo Cabret) que vivem um casal de trambiqueiros que ganha a tela sempre que presentes, nos reservando ótimos momentos de humor físico.

É uma pena que a obra acabe sendo “sabotada” por seu próprio diretor. Tom Hooper (O Discurso do Rei) irrita com sua fixação pelos close-ups que, se por um lado exaltam a interpretação dos atores, por outro, ignoram a belíssima direção de arte do filme, que acaba passando quase despercebida por olhos menos treinados. Hooper ainda falha ao não conseguir empregar o mesmo ritmo no 2º e 3º ato da obra. O mesmo acontece com a condução da trama, visto que nunca chegamos a nos importar com os novos personagens da forma como nos importávamos com os anteriores. Ao ponto que Cosette (Amanda Seyfried) desperta imenso carisma quando criança, mas ganha pouco espaço quando adulta, diminuindo sua importância para o espectador. E isso é bastante problemático, do ponto de vista narrativo, pois a jovem é o cerne dos acontecimentos que se desenrolam dali em diante.

Os Miseráveis está longe de ser um filme comum, mas tampouco é uma obra-prima. Certamente ficará marcado na lembrança de quem assistir (as cenas das barricadas são particularmente memoráveis). Porém, diferente de Chicago, o musical não levará a estatueta de melhor filme, contentando-se “apenas” em voltar os holofotes para o gênero musical, que não morre, e provavelmente (espero) nunca morrerá.

Bom

Comentários

  1. A Revolução Francesa refere-se ao conjunto de acontecimentos que ocorreram entre 1789 e 1799 com o Golpe de 18 Brumário de Napoleão Bonaparte. O filme começa em 1815, quando foi realizado o Congresso de Viena e termina em 1832, portanto o período compreendido refere-se as REVOLUÇÕES LIBERAIS.

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    1. Olá! Obrigado pela correção, irei alterar o texto. Peço que numa próxima oportunidade deixe seu nome, para que eu possa me referir a você.

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