CRÍTICA | Godzilla

Direção: Gareth Edwards
Roteiro: Max Borenstein
Elenco: Aaron Taylor-Johnson, Elizabeth Olsen, Bryan Cranston, Ken Watanabe, Juliette Binoche, entre outros
Origem: EUA / Japão
Ano: 2014


Agradar os fãs do original ou renovar a franquia e criar um novo público? Esse é o dilema que permeia as decisões de toda produtora que pretende lançar um filme de uma saga previamente estabelecida na cultura pop, mas que há algum tempo anda adormecida. Pouquíssimas são as obras que conseguem aliar a resposta para ambas as questões em um roteiro redondo e que renda bom lucro ao estúdio. Godzilla é bem sucedido no respeito e homenagem ao seu público fiel, deixando a desejar na criação de novos fãs, o que provavelmente refletirá na bilheteria.

Joe Brody (Bryan Cranston) e sua esposa Sandra (Juliette Binoche) trabalham em uma usina nuclear de uma cidade no Japão. Após um acidente catastrófico, e misterioso em sua origem, o local acaba abandonado por conta dos riscos radioativos. 15 anos depois, o filho do casal, Ford (Aaron Taylor-Johnson) retorna ao local, e descobre que despertaram uma criatura radioativa gigantesca.

Uma das coisas que chamava minha atenção antes mesmo do lançamento da obra era sua campanha de marketing, sempre com artes belíssimas (pena que a melhor delas, o salto dos soldados de paraquedas, foi entregue pelos trailers), que trabalhavam os conceitos do icônico personagem sem esquecer de sua origem nipônica. Nesse sentido, devo dizer que os fãs ficarão satisfeitos, pois todo esse respeito para com o original é visto em tela. Além de locações e citações conhecidas, há diversos atores nipônicos na projeção. O mais famoso deles, Ken Watanabe (A Origem) chama o famigerado monstro por seu nome original, "Gojira", além de desenvolver papel fundamental para história.

E se falei da importância de Watanabe, é lamentável que o roteiro não aproveite mais do personagem em tela, dando espaço ao general vivido por David Strathairn (que a mim não convenceu). Esse, aliás, é um dos principais problemas de Godzilla, pois atores fantásticos como Bryan Cranston (Argo) e Juliette Binoche (Paris, Te Amo) brilham em tela, mas são pouquíssimo aproveitados na trama. Suas presenças são fundamentais ao enredo, mas clamam por uma maior participação, que não vem. O protagonismo fica a cargo de Aaron Taylor-Johnson, que em nada lembra o carismático Kick-Ass ou o fantástico John Lennon, de O Garoto de Liverpool. O ator não apresenta desenvoltura, limitando-se a fazer cara de preocupado na maior parte do tempo, deixando bastante a desejar.

O segundo grande problema é que não temos quase Godzilla em Godzilla. O monstro gigante leva aproximadamente 1 hora de projeção para surgir em tela, e quando o faz, é breve, limitando-se a uma aparição ou outra. Vejam bem, o fato da criatura demorar a surgir em tela não é problemático, pois a expectativa foi sendo criada durante toda a obra. A decepção está no fato dessa expectativa não ser saciada. Vemos muito mais dos chamados MUTOS no longa do que o próprio lagartão.

Dito isso, pouco resta ao filme além de grandes efeitos especiais e um enredo que convence, ainda que excessivamente sério. Falta carisma, ou mesmo algum coadjuvante que trouxesse um toque de leveza a trama. Pode parecer clichê, mas a obra não se priva de exercer de diversos deles (como o beijo romântico ao término), um a mais não seria grande problema. Não sou fã da obra original, simplesmente por ainda não tê-la assistido (vergonhoso, eu sei), sendo assim, faço parte da parcela de novo público que os produtores pretendiam cativar, mas não conseguiram.

Regular

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