CRÍTICA | A Culpa é das Estrelas

Direção: Josh Boone
Roteiro: Scott Neustadter e Michael H. Weber
Elenco: Shailene Woodley, Ansel Elgort, Nat Wolff, Laura Dern, Willem Dafoe, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2014


Okay. Por onde começar? Sabe quando você termina de assistir a um filme e fica em silêncio por alguns minutos, encarando os créditos rolarem ao som da trilha sonora? Você sai do cinema sem querer falar muito, só pensando no que acabou de assistir em tela, dirige pra casa sem ligar o som, ou pega o metrô sem a necessidade de ouvir nada no celular, e mesmo que esteja acompanhado, compartilha daquele silêncio mutuo que - como dizia Mia Wallace - poucos casais conseguem partilhar de maneira confortável. Foi mais ou menos assim que me senti ao término da sessão de A Culpa é das Estrelas (The Fault in our Stars), e quando uma obra te proporciona reflexão, e não apenas puro e simples entretenimento, temos a certeza que presenciamos um pequeno infinito.

Hazel Grace Lancaster (Shailene Woodley) é uma adolescente com câncer terminal que mantém o tratamento na esperança de prolongar seus anos de vida. A doença afeta intensamente seu pulmão, e por esse motivo Hazel carrega um cilindro de oxigênio para onde for. Sabendo de sua realidade, a garota se refugia na leitura e tenta se afastar das pessoas para não fazê-las sofrer. Ela vinha sendo bem sucedida, até o dia em que conhece Augustus Waters (Ansel Elgort), um garoto que também sofreu com a doença, mas que está em remissão já há algum tempo.

Não é difícil prever o sucesso de A Culpa é das Estrelas nas bilheterias, não só por ser a adaptação cinematográfica de um best seller literário muito amado, mas também por funcionar como obra isolada. Independente de qualquer comparação com o livro (que ainda não li, é bom dizer), o filme cativa e emociona por si só, sem soar apelativo. E ainda que não traga nenhuma grande novidade ao gênero cinematográfico de romance, o longa encontra em sua premissa e em seu carismático casal de protagonistas o seu grande diferencial.

Shailene Woodley - que já havia mostrado seu talento ao contracenar com George Clooney em Os Descendentes - entrega seu melhor trabalho até aqui. A atriz atua com paixão admirável, criando uma empatia direta com o espectador. Destaco duas cenas em especial, quando ao olhar-se no espelho após conhecer Augustus, ajeita cuidadosamente seu aparelho respiratório, assim como fizera com o cabelo e a roupa, mostrando que a sonda que a mantém respirando já faz parte de seu corpo. O outro, acontece durante um tocante monólogo de Hazel Grace sobre o infinito.

Ansel Elgort (Divergente) também não decepciona. Confesso que ainda não conhecia o trabalho desse jovem ator, e foi um grata surpresa vê-lo encarnar Gus Waters com a segurança que o papel exige. A princípio o personagem me incomodou em sua essência, aparentando ser alguém perfeito e positivo a todo momento, sem defeitos. Tal impressão é desfeita no impactante terceiro ato da trama, mas que não abordarei aqui para não estragar a experiência de quem ainda não assistiu ao filme.

O diretor Josh Boone (Ligados Pelo Amor) faz duas horas parecerem alguns minutos, mostrando competência em sua função. O cineasta lida com a temática de maneira calorosa e cativante, tratando de assuntos delicados como a doença e a proximidade da morte com uma leveza admirável. Qualquer deslize na balança entre drama, romance e alívio cômico poderia resultar no fracasso de sua obra, o que não acontece. Além disso, Boone constrói uma identidade visual marcante, utilizando da cor azul (da famosa capa do livro) em diversos objetos de cena e figurinos do elenco.

Mesmo que não seja uma obra-prima, tendo um ou outro exagero em cena (a da mãe que aceita que joguem ovos em seu carro destoa totalmente do restante da obra), A Culpa é das Estrelas mostra-se um ótimo filme, que conta uma história comovente, com uma porção de momentos que realmente emocionam e nos fazem, de fato, refletir a respeito. Portanto, se decidir assistir ao longa, vá sem preconceitos e permita-se ser surpreendido, como eu também fui. Okay? Okay.


Ótimo

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