CRÍTICA | Carros 3

Direção: Brian Fee
Roteiro: Kiel Murray, Bob Peterson e Mike Rich
Elenco: Owen Wilson, Armie Hammer, Lea DeLaria, Tony Shallhoub, Cristela Alonzo, entre outros.
Origem: EUA
Ano: 2017


Carros. Uma franquia que sempre esteve abaixo do padrão de qualidade que os fãs da Pixar sempre esperavam da empresa, já que ela era a grande potência no inicio dos anos 2000, sempre trazendo filmes originais, muito divertidos, capazes de fazer adultos e crianças se emocionarem.

Apesar do ranço causado pelos dois filmes anteriores da franquia e um spin-off muito questionável, uma coisa realmente é inegável: o marketing e o licenciamento de produtos advindos da marca foi algo de proporções astronômicas, tanto que é uma das marcas mais rentáveis em termos de licenciamento da Pixar.

Mesmo assim, os fãs hoje clamam para a estúdio voltar a ser a Pixar que só trazia produções originais incríveis e de muito bom gosto, visto que os dois últimos filmes da companhia deixaram muito fãs com o pé atrás, fazendo comparativos de que a Pixar estaria virando a Dreamworks, velha concorrente do estúdio ou que ela estaria virando a Illumination, estúdio responsável pela franquia Meu Malvado Favorito que tem licenciamento até para comida.

Mas será que Carros 3 cumpre este papel de fazer a empresa voltar aos tempos áureos? Sim e não.


Vamos aos motivos: sim, ela tenta ser mais madura ao fazer Relâmpago McQueen (Owen Wilson) capotar e se estropiar todo na pista. Faz uma referência a Rocky Balboa, do perdedor treinando duro para voltar a fazer aquilo que faz de melhor, elemento clichê, mas que apelam para o emocional do espectador mais adulto.

Agora vamos ao não: infelizmente, por mais que a Pixar se esforce para deixar o mundo de Carros mais maduro, ele ainda precisa fazer piadas ou repeti-las várias vezes até o publico esboçar alguma reação. Precisa do Mate fazendo bobagem a quase todo instante que é possível vê-lo em tela.

Enfim, todas as convenções necessárias nos filmes desta franquia. Só que, lamentavelmente, o que foi mostrado no teaser trailer - que parecia ser impressionante ao dar uma nova abordagem ao universo, foi mascarado, parecendo ser uma espécie de remake do primeiro filme, mas com um tom inicialmente mais introspectivo. Não demora muito para que tudo fique super colorido, cheio de cortes dinâmicos.

Uma grata surpresa é Cruz Ramirez (Cristela Alonzo), a treinadora de Relâmpago, que o ajudará a ficar em forma para vencer os novos corredores que tem como principal antagonista Jackson Storm (Armie Hammer), iniciante, mas cheio de marra e de si. Previsível até demais. Apesar de Cruz ser a protagonista feminina de maior tempo em tela (novamente Sally, o interesse amoroso de McQueen é jogada para escanteio), ela consegue ser irritante em alguns momentos, mas até do que Mate no primeiro filme.


Mesmo ampliando o mundo da franquia trazendo vários flashbacks, principalmente os de Doc Hudson (Paul Newman), que falecera no filme passado, falando sobre o passado do mundo das corridas automobilísticas, ele ainda deixa vários pontos a serem questionados, já que mostra um novo ângulo de como Doc se arrebentou na corrida fatídica que o fez abandonar o mundo onde McQueen vive até hoje. Por um lado é interessante ver o passado das corridas e ver como era o mentor do nosso protagonista, por outro, não é algo que realmente fosse necessário acrescentar ao mundo de Carros.

Falando da qualidade técnica do longa, o novo tipo de motor gráfico que foi desenvolvido para dar realidade a poeira, lama, água e sombra realmente foi aproveitado de Piper, mas bem utilizado. A água nunca pareceu tão real em uma animação.

Apesar de eu ter dado muitos pontos negativos ao filme, ele diverte em alguns momentos, principalmente para as pessoas que gostam de ficar procurando os easter eggs conhecidos da empresa. Tanto que, para os desavisados, eles deixam tudo muito nítido em algumas cenas. Não é um filme ruim, mas aquilo que tentou ser vendido nos trailers, infelizmente, ficou muito aquém.

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