CRÍTICA | O Acampamento

Direção: Damien Power
Roteiro: Damien Power
Elenco: Harriet Dyer, Mitzi Ruhlmann, Tiarnie Coupland, Aaron Pedersen, entre outros
Origem: Austrália
Ano: 2016


Se você é fã de suspense com pitadas de sadismo e terror, O Acampamento é definitivamente um filme para você. Porém, já aviso de antemão, não pense que a história é previsível e que você já sabe como tudo vai se desenrolar pelos clichês das obras do gênero. Aqui temos um caso à parte, que me surpreendeu muito, o que é sempre bom.

Trata-se do primeiro longa-metragem escrito e dirigido da carreira do australiano Damien Power, que já produziu diversos curtas dramáticos ao longo dos anos. Sua estreia foi no Festival Internacional de Melbourne.

A premissa de O Acampamento traz uma premissa batida do gênero, ou seja, um jovem casal vai passar a virada do ano acampando em um rio e, quando chegam na área de camping, já existe uma outra tenda armada, sem sinal dos donos por perto. Com o passar do dia, o casal descobre que tem algo errado acontecendo e as coisas começam a desandar. Até esse momento, tudo é basicamente um suspense padrão.

Crédito: Cineart Filmes

O primeiro ato do filme mostra-se um pouco lento, pois monta o palco da história que se passou naquele acampamento antes da chegada do casal, misturando acontecimentos em tempo real com momentos de flashback. Quando chegamos no segundo ato, as peças começam a se encaixar na nossa cabeça e as dicas dadas anteriormente começam a montar uma figura assustadora na cabeça do espectador sobre o que poderia realmente ter acontecido com as pessoas da outra tenda.

O roteiro e a direção trabalham bem a sensação de suspensa crescente, sabendo o momento certo de conter sua narrativa para que a audiência especule o que de fato aconteceu ali, o que o personagem está vendo, ou, até mesmo, um desfecho mais impactante para alguma cena, que sempre ganha uma leve pausa dramática. 

O Acampamento se destaca entre filmes do gênero, pois ainda que "siga a receita", sabe utilizar de "ingredientes gourmets" pra compor a trama, por assim dizer. Trocadilhos à parte, o maior acerto aqui é o extrema sensação de realismo com que as cenas são representadas. A frieza das situações de desespero, o medo, a agressão e a violência são retratadas de forma crua, fugindo dos desfechos óbvios. Power não se priva de mostrar cenas gráficas de violência contra praticamente todos os seus personagens, fazendo com que o espectador realmente sinta o terror que eles estão passando. Por outro lado, não há glorificação na sanguinolência aqui, pois todas as cenas têm o propósito de causar uma reação na audiência, o que, na minha opinião, funciona adequadamente.

Crédito: Cineart Filmes

Vale destacar também a seleção de elenco, visto que temos aqui vários atores australianos que ainda são desconhecidos do grande publico, mas que foram extremamente talentosos em suas personificações. Talvez o único rosto familiar seja o de Stephen Hunter, que viveu o anão Bombur na trilogia O Hobbit, ainda que faça apenas uma singela participação.

Para concluir, O Acampamento é realmente uma obra para fãs do gênero que estão cansados da mesmice e da previsibilidade de sempre, buscando algo que realmente dê aquela sacudida nos sentidos e que possa nos impactar com um terror mais próximo da realidade.

Ótimo

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