CRÍTICA | Shazam!

Direção: David F. Sandberg
Roteiro: Henry Gayden
Elenco: Zachary Levi, Mark Strong, Asher Angel, Jack Dylan Grazer, Djimon Hounsou, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2019


Que criança nunca sonhou em se tornar um super-herói, usar uma roupa maneira, ter poderes sobrenaturais e voar por aí lutando contra o crime? Afinal de contas, muitos problemas contemporâneos poderiam ser resolvidos com uma boa dose de magia. E se você conseguisse esses poderes de repente? É isso que Shazam!, o novo filme da DC Comics, nos entrega: um herói que se assemelha a qualquer um de nós.

Billy Batson (Asher Angel) é um garoto que se perdeu da mãe e vive em busca de encontrá-la. Morando de casa em casa, com pais adotivos diferentes, um dia é levado para um local místico, onde encontra um ser mitológico que transfere seus poderes para ele. Na busca pela maior pureza possível para herdar seus poderes, esse feiticeiro viu seus irmãos caírem e, por fim, deu origem à própria ameaça que, agora, nem ele próprio é capaz de combater, representada pelo Dr. Silvana (Mark Strong), um vilão rancoroso, vingativo e ambicioso. Como sua última esperança, Billy, um adolescente de 14 anos, passa a ter o corpo de um adulto com poderes além de sua imaginação.

O protagonista demora a entender o seu papel. E o que poderíamos esperar de um adolescente no corpo de um herói? O menino aproveita a oportunidade para fazer coisas banais como beber cerveja, matar aula e assaltar máquinas de venda automáticas. Ideais de nobreza e salvação não passavam pela sua cabeça, ma com a ajuda de seu novo irmão adotivo, Freddy (Jack Dylan Graze), um garoto viciado em super-heróis e quadrinhos, Billy passa a experimentar seus poderes à medida que se torna um sucesso na internet e uma celebridade instantânea na Filadélfia.

Foto: Warner Bros Pictures

Embora seja pouco conhecido se comparado com heróis como Batman, Superman ou Mulher-Maravilha, Shazam! tem grande importância dentro do universo da DC Comics, mesmo não tendo sido mencionado anteriormente no cinema. O longa chega em um bom momento, tanto para a audiência, quanto para a própria empresa. Às vezes tudo que a gente precisa é de uma história divertida, comovente e que conversa conosco.

Essa identificação com o público só é permitida graças ao roteiro de Henry Gayden (Terra Para Echo) e a direção de David F. Sandberg (Annabelle 2: A Criação do Mal), que conduzem a obra sem pressa, introduzindo a mitologia da história e seus personagens com calma, apresentando ainda as motivações do protagonista e de seu vilão, elementos que fazem toda a diferença no resultado final.

Trata-se de uma história de grandeza e poderes míticos, oriundos de um passado distante e vindos diretamente dos Deuses do Olimpo. O grito de guerra tem lá seu sentido, pois é a união da primeira letra do nome de personagens de diversas mitologias. A palavra mágica faz com que Billy Batson adquira: a sabedoria de Salomão, a força de Hércules, o vigor de Atlas, o poder de Zeus, a coragem de Aquiles e a velocidade de Mercúrio.

Apesar do contexto promissor, todas as discussões são trazidas para o centro familiar, outro grande acerto do roteiro. A trajetória do protagonista se torna o ponto focal não apenas de sua evolução enquanto herói, mas também acaba gerando conflitos que nenhum poder é capaz de resolver, como ele bem percebe no desenrolar do filme. E é interessante como a obra apresenta o contraste entre Batson e Shazam (Zachary Levi). Apesar de tudo, eles não são a mesma pessoa.

Foto: Warner Bros Pictures

A diversão é o ponto. Trata-se de um filme leve e despretensioso, como poucos heróis da DC poderiam ser. Talvez pelo fato do protagonista não ser necessariamente tão conhecido do grande público, os roteiristas e diretor tiveram mais liberdade, brincando com as situações, os poderes e a própria mitologia do herói.

Zachary Levi (Chuck) interpretando um menino de 14 anos no corpo de um homem com poderes inacreditáveis é impagável. O ator foi uma escolha mais que acertada para o papel, tamanho o seu carisma em tela. Sua dinâmica com Jack Dylan Grazer (It: A Coisa) é ótima, e fica a cargo deste os momentos de "nerdice" e emoção da obra. Já Mark Strong (Kingsman: O Círculo Dourado) é competente como de costume, nos entregando um vilão interessante e com motivações plausíveis.

A obra, além de muito divertida, é equilibrada, pois não deixa de ser séria quando necessário. O peso que o garoto carrega por nunca ter tido a oportunidade de reencontrar a mãe, e, por conta disso, nunca conseguir criar vínculos afetivos, é poderoso o suficiente para dividir tempo com sua jornada de aprender a lidar com seus novos poderes e a responsabilidade de se tornar um herói.

Shazam! é, sem dúvida, o filme mais engraçado e leve da DC Comics, que dessa vez acertou em cheio. Funciona como uma história de amadurecimento pessoal, traz sentimentos da infância e te convida a acreditar que sim, qualquer um de nós poderia ser um super-herói, desde que percebamos o que realmente importa, acreditando em nós mesmos e, claro, que um mago esquisito decida entregar seus poderes.

Ótimo

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