CRÍTICA | Pica-Pau: O Filme

Direção: Alex Zamm
Roteiro: Alex Zamm, William Robertson, Daniel Altiere e Steven Altiere
Elenco: Thaila Ayala, Timothy Omundson, Eric Bauza, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2017


Desde o término da última fase do Pica-Pau, no longínquo ano de 2002, o público brasileiro ficou órfão, pois dificilmente apareceria outro personagem traquina, politicamente incorreto e que encantou gerações. Eis que agora, em 2017, é lançado o longa-metragem da Universal Pictures, dando vida ao pássaro travesso através de CGI, interagindo com atores reais. Após resultados questionáveis de personagens animados interagindo com humanos no passados, em filmes como Zé Colmeia ou Os Smurfs, a dúvida sobre o resultado final de Pica-Pau: O Filme se torna justificável.

Quem conhece o personagem sabe que ele viveu alguns ciclos: da personalidade maluca e disposto a aprontar com todos, na década 40; a um pássaro mais caseiro, preguiçoso e desleixado, no fim dos anos 90. Pode-se dizer que o Pica-Pau que nos é apresentado nesse novo longa mescla as características de ambas as fases do famoso desenho animado, além, claro, de trazer o visual clássico de volta. Um perfil multifacetado, que pode deixar o espectador mais desavisado confuso.

A história nos apresenta uma família que acaba de receber um terreno como herança e resolve construir uma mansão em uma área de preservação ambiental, para revendê-la futuramente e faturar milhões. Mas eles não contavam com um detalhe importante: um Pica-Pau endiabrado, que não quer perder sua árvore em meio à floresta e fará de tudo para defender sua moradia e colocar todos para correr. Você certamente já viu isso antes, certo?

Crédito: Universal Pictures

A premissa faz lembrar de alguns episódios clássicos na animação, em que o pássaro utiliza de diversas técnicas para proteger seu lar, porém, nesse filme, não há uma reprodução fiel do que fizera sucesso no desenho, além de tudo parecer muito acelerado e abordado de forma superficial.

O núcleo familiar está longe de empolgar. Lance Walters (Timothy Omundson), o chefe da família, não consegue transmitir veracidade em suas atitudes, Vanessa (Thayla Ayala), sua noiva, mostra-se uma mulher um tanto deslumbrada e esnobe, resumindo-se a fazer caras e bocas, misturados com ataques de histeria nas poucas cenas em que participa. Quem se salva é o garoto Tommy (Graham Verchere), que quase não possui relação com o pai, mas que acaba se encontrando na história após conhecer dois novos amigos, formando uma banda de rock e competindo em um festival de talentos. Tommy é o fio condutor da história, responsável por ações importantes, tanto no que tange à possível reaproximação com o pai, como também em meio aos conflitos que vão envolver o Pica-Pau e a construção da mansão na floresta.

Já o novo Pica-Pau, como dito no início, mostra-se uma mistura de personalidades de épocas distintas, mas que de certa forma nos traz situações surreais, conseguindo cumprir o papel de divertir o espectador. O que pesa negativamente é a interação entre ele e os atores reais, que é nada convincente, além, claro, dos efeitos digitais que deixam um pouco a desejar perante as situações. As ações dos personagens não encontram sintonia com os efeitos em CGI, além disso, as expressões faciais soam exageradas e forçadas. 

Crédito: Universal Pictures

Faltaram aquelas famosas explosões e onomatopeias clássicas do desenho para trazer um ar nostálgico e agradar ao público antigo, além de um aprofundamento maior nas histórias paralelas, como a relação entre Tommy e seu pai.

A fotografia é atraente, com cores vibrantes e belas paisagens bem exploradas nos quadros, além de servirem como ótimos panos de fundo para os personagens. O plano estético empolga e traz um ar bem fantasioso ao longa, mas que careceu de interpretações convincentes e de um melhor aproveitamento do elenco. Um resultado mediano, mas que tinha potencial para ser melhor explorado.

Pica-Pau: O Filme foi uma tentativa de mobilizar novos públicos, com uma proposta de comédia pastelão, mas que apresenta imperfeições e não sabe explorar o real potencial da ave mais insana e adorada do grande público. Uma produção que podia e merecia mais.

Bom

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