13 Reasons Why | 2ª Temporada


Após concluir a história de Hannah Baker (Katherine Langford) e deixar poucas pontas soltas, uma segunda temporada de 13 Reasons Why parecia, de certa forma, desnecessária. Contrariando este que vos escreve e pisando em ovos, a série voltou para um segundo ano consistente e com uma expansão do universo apresentado anteriormente.

A nova temporada começa como um grande pedido de desculpas. Após as críticas da violência apresentada, muitas foram as medidas tomadas para reduzir os impactos no espectador e assumir a responsabilidade pelo conteúdo exibido. O primeiro episódio ganhou um vídeo introdutório, com os atores lembrando à todos que trata-se de uma narrativa ficcional e que existe um site criado para prestar auxílio a quem está passando por um momento de dificuldade como os personagens da série. O endereço em questão é o Talk to Someone.

De volta a trama, reencontramos Clay (Dylan Minnette) e os demais personagens aprendendo a conviver com o luto e ausência de Hannah. E nesse ponto, o roteiro acerta ao não focar apenas na perda de uma amiga/familiar, mas também nas consequências que a exposição daquelas vidas e do ambiente nocivo ao qual eram submetidos trazem ao dia a dia de cada um deles.

Olivia Baker (Kate Walsh), mãe da protagonista, é um dos focos dessa nova temporada. Aqui há uma jornada dupla de emoções. Enquanto lida com o fim de matrimônio, ela luta com garras afiadas no julgamento de seu processo contra a Liberty High School. Além da conivência com o bullying, a escola é acusada de se omitir perante os sinais apresentados por sua filha.

Foto: Beth Dubber / Netflix

Seguimos descobrindo e acompanhando um furacão de problemas. Justin Foley (Brandon Flynn) está perdido no mundo das drogas e vira, basicamente, um morador de rua. Depois de tentar tirar a própria vida e sobreviver, Alex Standall (Miles Heizer) vive agora um mar de sequelas, como a constante perda de memória e dificuldades de locomoção. Jessica Davis (Alisha Boe) continua a enfrentar os traumas deixados pelas violências ao qual sofrera. Nesse último ponto, um grande acerto é a maior participação de seus pais, principalmente, Mr. Davis (Joseph C. Phillips), que entrega, mesmo que em pequenos e pontuais momentos, uma atuação emocional e marcante.

Pouco explorado na primeira temporada, o conselheiro Kevin Porter (Derek Luke) ganha mais camadas e uma atenção maior. Como um dos poucos a assumir seu próprio erro no caso Baker, ele é obrigado a lidar com as consequências e punições que a escola decide tomar para com ele, devido à sua posição. A postura da direção escancara também as motivações obscuras por parte de seus integrantes, em especial Barry Walker (Jake Weber), o pai de Bryce (Justin Prentice), que é uma espécie de patrocinador do colégio.

Todo esse novo panorama reflete o momento mais obscuro da série. O arco do Tyler Down (Devin Druid) é o melhor exemplo disso. Desde o início o garoto dava indícios que viria a ser o protagonista de um massacre com armas de fogo, em retaliação a todo o bullying sofrido. Durante o segundo ano, os indícios se intensificaram, porém, a maneira como as coisas são resolvidas deixa muito (aqui leia-se o “muito” com bastante ênfase) a desejar.

Foto: Beth Dubber / Netflix

Não posso encerrar essa review sem falar de Hannah. Mesmo após seu arco ter encerrado na primeira temporada, a série opta por trazer Langford de volta como uma espécie de visão para Clay. O que poderia ser usado como muleta narrativa acaba funcionando muito bem aqui, não só pela boa química entre o casal, mas por evidenciar o caos mental que o protagonista sofre. Conforme a história avança, temos mais interpretações sobre a vida da garota e os desdobramentos que tais descobertas geram nesse novo panorama.

Em resumo, os treze novos episódios de 13 Reasons Why abrem discussões que são necessárias, criam relações interessantes e mantiveram a mesma postura em relação às polêmicas. Uma pena que a temporada termine exatamente como começou.

Bom


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Eduardo é jornalista, fã da TV Quase e não pode bullying.

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