CRÍTICA | O Doutor da Felicidade

Direção: Lorraine Lévy
Roteiro: Lorraine Lévy
Elenco: Omar Sy, Alex Lutz, Ana Girardot, entre outros
Origem: França / Bélgica
Ano: 2017


Grande saída para filmes independentes e diversas outras produções cinematográficas, os serviços de streaming a cada dia recheiam os seus catálogos, algo visto com muito bons olhos, já que possibilita ao público o acesso a longas que dificilmente chegariam ao grande circuito. Esse é exatamente o caso de O Doutor da Felicidade (Knock), protagonizado pelo sempre carismático Omar Sy (Uma Família de Dois).

Dirigido pela cineasta Lorraine Lévy (A Espada da Vingança) e adaptado da peça de 1923 escrita por Jules Romains, o filme nos apresenta a Knock (Sy), um médico que chega ao vilarejo de Saint Maurice, nos Alpes franceses, e que carrega consigo intenções duvidosas. Com um passado sombrio e repleto de dificuldades, o protagonista hoje utiliza da medicina como método de ascensão e de ser da bem, diagnosticando seus pacientes com doenças reais, ou nem tanto, e causando uma revolução naquele que antes era um lugar pacato.

O Doutor da Felicidade é uma obra cativante, quer seja por seus personagens, quer seja por seu roteiro. A verdade é que se apresenta como algo simples e sem grandes pretensões, mas cresce no desenrolar da narrativa e, mesmo com um enredo previsível, consegue garantir o sorriso do espectador. A chave está justamente na simplicidade e na leveza imposta pela produção.

Imagem: Sofá Digital

E se engana quem acha que em uma trama simplista não é capaz de tratar de temas mais sérios ou levantar questionamentos. Com muita sutileza, o roteiro não deixa de tocar na ferida do racismo, mesmo que apresentado apenas em menções, longe do foco principal. Além disso, o longa faz questão de tratar abertamente de questões como a humanidade e o pecado para membros da igreja. O personagem Padre Lupus (Alex Lutz), por exemplo, representa o quanto um “homem de Deus” pode carregar de maldade e inveja dentro de si. A santidade é relativa. 

É engraçado como um filme protagonizado por Omar Sy, que está ótimo como de costume, consegue apresentar personagens secundários tão marcantes quanto. É o caso do carteiro, capaz de arrancar boas gargalhadas do espectador. Certamente um dos motivos para eu não ter visto sequer uma pessoa saindo de cara amarrada da cabine de imprensa em que estive presente.

Mais do que agradável, O Doutor da Felicidade é o tipo de produção capaz de trazer o descanso necessário que a mente e o coração precisam às vezes, algo que muitas vezes só o cinema pode proporcionar. No fim, é difícil dizer se Knock é vilão ou mocinho. Talvez um pouco dos dois. O fato é que se trata de um personagem apaixonante e completamente humano, protagonista de uma obra não almeja grandes voos, mas que em sua simplicidade e competência atinge seu objetivo: entreter e emocionar.

Imagem: Sofá Digital


Bom

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