CRÍTICA | Todo Dia


Direção: Michael Sucsy
Roteiro: Jesse Andrews
Elenco: Angourie Rice, Justice Smith, Jacob Batalon, Jeni Ross, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2018


As relações humanas podem ser simples ou complexas, e tudo se baseia a partir de quem somos. O amor nasce, cresce e se desenvolve mediante as percepções que temos do mundo e dos nossos sentimentos, além de ser repleto de sutilezas, capaz de nos proporcionar grandes lembranças. Esses são alguns dos temas abordados em Todo Dia (Every Day), um longa-metragem produzido para o público adolescente, mas que se transforma em uma obra para toda a família, muito em função de seu elenco carismático e suas mensagens marcantes.

Baseado no livro homônimo de David Levithan, o filme dirigido por Michael Sucsy (Para Sempre) nos apresenta a Rhiannon (Angourie Rice), uma jovem de 16 anos que enfrenta dilemas comuns da adolescência: uma vida escolar agitada, a indecisão sobre o futuro e o possível primeiro amor com um rapaz popular da escola, mas que não lhe dá valor. A garota não contava que um dia o rapaz, Justin (Justice Smith), estaria completamente mudado, gentil, atencioso e amoroso, como se fosse outra pessoa. E de fato é, pois a protagonista descobre a existência de "A", uma alma que habita o corpo de uma pessoa diferente a cada 24 horas, renascendo em um corpo diferente a cada novo dia, nunca repetindo a mesma pessoa. Encantada com a situação, Rhiannon acaba se apaixonando por "A", que é sempre uma pessoa diferente fisicamente.

O roteiro é hábil em apresentar diferentes arcos, com a protagonista vivendo momentos marcantes e tendo lembranças inesquecíveis de "A" por 17 vezes. O que poderia se mostrar um recurso repetitivo ou cansativo acaba por proporcionar experiências interessantes ao espectador, pois define a trajetória e o aprendizado da personagem central de forma sutil e tenra, sem que percamos o interesse pela narrativa.

Imagem: Paris Filmes

A principal mensagem de Todo Dia é justamente a paixão de Rhiannon por "A", ou seja, o sentimento em torno de sua personalidade e essência, sem se importar com etnia, cor de pele ou sexo. Algumas importantes discussões são levantadas ao longo dos 100 minutos de projeção, como o julgamento que muitas vezes fazemos acerca da aparência de alguém, ou mesmo se vale a pena enfrentar todo o tipo de adversidade quando se está apaixonado.

Apesar dos aspectos positivos, o longa tem certo problema de ritmo e segue uma narrativa sem grandes surpresas ou reviravoltas, o que acaba tornando seu desfecho previsível. Faltou explorar outros aspectos da personagem, como a sua relação com a família, ou mesmo com os amigos, que pouco aparecem durante o filme.

Um aspecto técnico interessante é a fotografia, que utiliza de uma paleta de cores quentes para os momentos mais emblemáticos da protagonista, ao passo que destaca tons de cinza para as ocasiões de mais tensão, principalmente quando a personagem se isola daqueles que a cercam.

No fim, o carisma de Angourie Rice (O Estranho Que Nós Amamos) e as mensagens tocantes passadas acabam fazendo Todo Dia valer a pena. Adaptar uma obra literária para a grande tela nunca é uma tarefa fácil, mas acredito que o longa cumpriu com seu papel aqui, embora a magia da imaginação, algo encontrado apenas no folhear de páginas, se perca um pouco.

Imagem: Paris Filmes


Bom

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