CRÍTICA | O Predador

Direção: John McTiernan
Roteiro: Jim Thomas e John Thomas
Elenco: Arnold Schwarzenegger, Carl Weathers, Bill Duke, Jesse Ventura, Shane Black, entre outros
Origem: EUA / México
Ano: 1987


O ano é 1987 e estamos sobrevoando uma praia, onde Dutch (Arnold Schwarzenegger) e sua tropa de soldados altamente treinados estão desembarcando. Lá eles entram em território inimigo para resgatar um ministro que pode ter sido capturado por um grupo de guerrilheiros. Aliado a equipe está Dillon (Carl Wheaters), um agente da CIA que os ajuda a chegar até a base dos adversários, os eliminando. Não há sinal de sobreviventes, exceto uma mulher, Anna (Elpidia Carillo), que logo é feita prisioneira. O grupo decide deixar o local, porém a garota foge e Hawkins (Shane Black), o soldado responsável pela comunicação, vai atrás dela e acaba morto no caminho. A criatura "assassina", que se esconde através de um dispositivo de camuflagem, já estava os observando faz algum tempo.

Se você ainda não deu uma chance para O Predador (Predator, 1987), talvez seja hora de fazê-lo. O alienígena de visual imponente (ao menos sem tirar a máscara), armamento pesado e sadismo desenfreado, convence até hoje como filme de ação.

O roteiro apresenta uma premissa interessante, especialmente por nos fazer acreditar que se trata de mais uma obra qualquer de guerra, sem grande diferencial. A medida que a trama se desenvolve, percebemos que se trata de um thriller de sobrevivência e, por que não, ficção científica, bebendo da fonte de Alien, o Oitavo Passageiro (1979). No entanto, não espero por grandes sustos ou jumpscares. A graça aqui está na sutileza, ou às vezes na falta dela, afinal também estamos falando de um clássico filme de "brucutu" oitentista.

Foto: Fox Film

Evidentemente alguns alívios cômicos soam datados, ou mesmo configuram-se como humor hoje em dia, como piadas machistas fora de contexto. Porém, há de se levar em conta o ano da produção, onde poucos viam algo de errado nesse tipo de abordagem.

A ação é eficiente e, em sua maior parte, baseada em intensas trocas de tiros. Talvez a construção da tensão soe um pouco lenta para novos públicos, mas nada ao ponto de se tornar chato ou enfadonho.  Pelo contrário, ela se mostra essencial para o ato final da obra, onde o embate entre caça e caçador passa a ser físico. A dinâmica empolga o espectador e nos faz torcer pelo protagonista.

Deve-se destacar também a qualidade dos efeitos especiais do longa, em especial a camuflagem tática do Predador. Trata-se de algo muito bem realizado para a época e que funciona até hoje, ainda mais quando levamos em conta que existem produções de orçamentos astronômicos que não conseguem apagar um bigode no rosto de um ator de modo crível. A utilização da visão térmica como recurso narrativo também soa interessante, especialmente para a criação do suspense.

Outro ponto relevante é a trilha sonora composta pelo genial Alan Silvestri (Vingadores: Guerra Infinita), que até hoje reverbera entre os mais aficionados. O tema musical toca a todo instante e dá o tom de tensão necessário para que o filme funcione.

Foto: Fox Film

Arnold Schwarzenegger (O Exterminador do Futuro) é o astro do longa, isso não se discute, mas devo dizer que sua presença rivaliza com Carl Wheaters (Rocky, um Lutador) tamanho o carisma e presença de cena do segundo. Shane Black (Dois Caras Legais), por sua vez, ainda que seja referenciado até hoje por sua participação na obra (tanto que dirigiu um capítulo recente da franquia), parece ter sido escalado apenas para aumentar o alívio cômico e por suas contribuições no roteiro. O restante do elenco se mostra marcante por suas presenças e caracterizações, mas nada além disso.

O Predador é um clássico como poucos. Soube estabelecer sua premissa de forma eficiente e serviu como uma das pedras fundamentais para a consolidação da carreira de um dos maiores astros de ação de todos os tempos. Schwarzenegger e o público agradecem.

Ótimo

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