CRÍTICA | Robin Hood: A Origem


Direção: Otto Bathurst
Roteiro: Ben Chandler e David James Kelly
Elenco: Taron Egerton, Jamie Foxx, Ben Mendelsohn, Jamie Dornan, Eve Hewson, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2018


Embarcar em uma aventura inspirada no mais famoso dos ladrões, o que roubava dos ricos para dar aos pobres, história que já foi contata inúmeras vezes, não é uma tarefa fácil. A mais recente versão de Robin Hood havia sido a de Ridley Scott (Prometeus), em 2010, estrelada por Russell Crowe (Gladiador). Surge agora uma nova versão, Robin Hood: A Origem (Robin Hood), longa-metragem dirigido por Otto Bathurst (Peaky Blinders) e com Taron Egerton (Kingsman: O Círculo Dourado) como protagonista.

Com roteiro de Joby Harold (Awake: A Vida Por Um Fio) e produção de Leonardo DiCaprio (O Regresso), a trama inicia com Robin (Egerton), o lorde de Hoxley, sendo convocado para servir às Cruzadas e representar a Inglaterra em uma guerra nas Arábias. Lá, ele se depara com um verdadeiro massacre, testemunhando a morte do filho de Little John (Jamie Foxx), um guerreiro que acaba perdendo tudo, inclusive suas terras.

Com o retorno à Inglaterra, o protagonista encontra um novo cenário, o de uma Nottingam mergulhada em corrupção e debaixo de enorme opressão, comandada pelo xerife local (Ben Mendelsohn). Disposto a se vingar e sabotar o fundo de guerra, composto pelos impostos pagos pelo povo, Little John resolve treinar Robin para se tornar um arqueiro ainda mais ágil e poderoso, tendo em vista que ele não se vê capaz de fazer tudo sozinho. Já o lorde de Hoxley enxerga a oportunidade como uma chance de reencontrar a amada, Marian (Eve Hewson), que prometeu esperar seu retorno da guerra, mas que depois esteve nos braços de Will Scarlet (Jamie Dornan), um homem de forte prestígio e figura bem próxima da igreja.

Foto: Paris Filmes

O primeiro ato se mostra um tanto desajeitado, com ritmo lento, mas que aos poucos se acentua com os confrontos na Arábia, estabelecendo uma história promissora. O protagonista e seu motivador são imponentes, demonstram suas capacidades, seus objetivos são claramente definidos e rapidamente cativam a plateia. Por outro lado, a falta de profundidade do roteiro é problemática, tornando o filme leve e despretensioso.

Aqui não há preocupação com verossimilhança ou humanização dos personagens, tampouco abordar o roubo dos ricos para os menos favorecidos. Robin Hood é tratado como um super-herói e o negócio dele é se envolver em mais cenas de ação em detrimento da emoção e do sentimento nobre de ajudar as pessoas. Aqui há claramente a abordagem da jornada do herói, que passa por diversas privações até chegar à redenção. 

O atrativo principal da obra está no excelente plano estético, com um belo design de produção que representa com perfeição a arquitetura medieval, além dos interessantes adereços, como as roupas dos membros do clero, as armaduras dos cavaleiros e, principalmente, as armas utilizadas pelo herói, com arcos e flechas dos mais sofisticados e espadas parecidas com as do reino de Excalibur. Somado a isso, os efeitos digitais compensam as constantes e arrastadas lutas que se seguem do segundo para o terceiro ato, brindando o espectador com um belo espetáculo visual.

Foto: Paris Filmes

Se faltou uma trama mais complexa e com um propósito estabelecido, ao menos o espectador recebeu uma produção de bons aspectos técnicos e grande elenco. Bathurst tenta entregar uma história inovadora sobre um mito "desgastado", mas Robin Hood: A Origem vale apenas o esforço, infelizmente.

Bom

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