CRÍTICA | Hellboy


Direção: Neil Marshall
Roteiro: Andrew Cosby
Elenco: David Harbour, Ian McShane, Milla Jovovich, Daniel Dae Kim, Sasha Lane, entre outros
Origem: EUA / Reino Unido / Bulgária
Ano: 2019


A febre dos reboots de franquias cinematográficas parece longe de terminar, relançando sucessos do passado ou tentando resgatar o prestígio dos fãs que se decepcionaram com algum filme passado. A bola da vez está com Hellboy, personagem marcante criado por Mike Mignola. O agente da B.P.R.D. (Bureau of Paranormal Research and Defence) retorna aos cinemas em uma jornada dirigida por Neil Marshall (Abismo do Medo), cineasta que carrega o desafio de surpreender o espectador, já que as adaptações anteriores ganharam certo status cult, muito em função de terem sido dirigidas por Guillermo del Toro (A Forma da Água) e seu olhar particular para a fantasia e a monstruosidade.

Na trama, Nimue (Milla Jovovich) - A Rainha de Sangue -  espalha o caos por toda a Inglaterra até ser esquartejada pelo Rei Arthur e ter seus membros espalhados por vários cantos da Europa. Após séculos ela acaba libertada e está disposta a concluir sua vingança contra os humanos. Diante do quadro caótico, que pode culminar no fim do mundo, Hellboy (David Harbour) é chamado para combater a terrível feiticeira. Para isso, ele contará com a ajuda do Major Ben Daimio (Daniel Dae Kim) e de Alice Monaghan (Sasha Lane), uma jovem dotada de poderes paranormais. 

Foto: Imagem Filmes

O longa investe em um roteiro bem-humorado e em sequências de ação frenéticas, com muito gore e CGI. No entanto, o orçamento reduzido é perceptível em muitos momentos, o que acaba atrapalhando o resultado final de uma obra de ritmo desenfreado, mas que cansa o público em muitos momentos do seus 121 minutos de duração. Não há espaço para roupagens poéticas e desenvolvimento de personagens, como bem fez del Toro no passado. Aqui, Marshall e o roteirista Andrew Cosby (Eureka) optam por inserir uma série de personas interessantes em tela, mas sem nunca explorá-los como poderiam. O próprio protagonista acaba deixando o espectador curioso por muitas de suas histórias, sem nunca ter essa expectativa saciada.

Infelizmente o elenco também deixa a desejar. David Harbour (Stranger Things) assumiu a tarefa ingrata de substituir Ron Perlman (Drive) na pele do demônio Hellboy. Seu trabalho acaba soando banal, prejudicado pela forte maquiagem, e parecendo um típico personagem canastrão de filmes de ação, sem conquistar grande empatia do público. O sempre competente Ian McShane (John Wick 3: Parabellum), por sua vez, acaba tendo pouco a fazer como pai do protagonista, já que a relação criada entre os dois é deveras superficial. Já Milla Jovovich (O Quinto Elemento) até tenta entregar uma vilã imponente, mas, como os demais, não ganha o merecido desenvolvimento, com atos vilanescos pouco inspirados.

A impressão que fica é que a produção tenta fazer o máximo possível de referências aos quadrinhos, sem necessariamente fazer com que tudo aquilo faça sentido enquanto obra cinematográfica. Falta dinamismo, uma premissa instigante, algo que prenda o espectador naquele mundo e faça com que ele queria mais no futuro.

Foto: Imagem Filmes

Olhando em retrospecto, o mais triste é saber que o filme traz duas cenas pós-créditos, abrindo caminho para uma possível sequência. Se for para apresentar outra obra aquém da original, talvez seja melhor que parem por aí. Ou devolvam o material para Guillermo del Toro, certamente o resultado seria mais interessante.

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