Grace and Frankie | 5ª Temporada


Com Jane Fonda (Pais e Filhas) e Lily Tomlin (Aprendendo Com a Vovó) nos papéis principais, Grace and Frankie foi renovada pela Netflix para a sexta temporada, antes mesmo da estreia da quinta, em janeiro deste ano. Tal notícia, embora tenha agradado ao público fiel às aventuras das amigas e de seus ex-maridos Sol (Sam Waterson) e Robert (Martin Sheen), também levantou o questionamento de quanto tempo ainda a série conseguirá manter o mesmo frescor ao tratar de temas como terceira idade, gênero e sexualidade. 

A nova temporada começa exatamente no momento em que a anterior terminou. Após fugirem da casa de repouso para a qual se mudaram graças à insistência dos filhos, Grace (Fonda) e Frankie (Tomlin) retornam para a casa de praia e prometem nunca mais duvidarem uma da outra. Na tentativa de retomar a vida, elas decidem comprar de volta a morada, que agora pertence à artista teen Kareena G. (Nicole Richie). A missão é complicada, principalmente pela falta de empatia com a qual o assessor da famosa, Benjamin Le Day (RuPaul), trata o caso, as amigas são bem-sucedidas. 

Embora inicie com um tom cômico e positivo, nesse novo ciclo as amigas encontrarão muitas pedras pelo caminho. Aliás, pedras que elas próprias colocarão e que que acabarão por atrapalhar sua busca pela felicidade. À medida que a amizade e a confiança entre as duas crescem, aumenta também a intimidade e o zelo que uma tem para com a outra. Se por um lado isso é positivo, por outro gera uma equivocada ideia de liberdade para gerenciar a vida alheia. É verdade que Grace sempre foi mandona e tentou tolher as vontades de Frankie, mas nessa quinta temporada ela exagera, comprometendo de fato a relação entre as duas.

Foto: Ali Goldstein / Netflix

A maneira superior e, porque não dizer, inescrupulosa de Grace afeta também o relacionamento que ela tem com as filhas, principalmente Brianna (June Diane Raphael). Apesar da personagem agir com o intuito de impedir a falência da empresa que criou, a unilateralidade de suas ações faz com que a distância emocional entre elas seja ampliada, trazendo à tona também traumas antigos. Afinal, Grace sempre foi melhor empresária do que mãe. 

Como é possível notar, relacionamentos em descompasso são um tema constante nesse ano, do qual nem mesmo o casal mais querido da série escapa. Na tentativa de viver como realmente deseja, Sol confessa a Robert que está cansado de fazer as coisas apenas para agradar aos outros. O marido, todavia, não entende a mensagem. Pelo contrário, segue focado em fazer apenas o que ele deseja, no caso, conseguir o papel principal em mais uma montagem teatral. Para piorar, ele resolve negligenciar a saúde e não cuidar da apneia, como solicita Sol, porque sua vaidade vale muito mais do que a genuína preocupação do companheiro. 

Ainda que em linhas gerais o tom continue cômico, essa quinta temporada traz uma veia muito mais reflexiva que as anteriores. O próprio capítulo que encerra a temporada, embora bizarramente hilário, permite fazer uma análise sobre qual será o final da estória, e das personagens principais. Quando mostra a alternativa que seria de Grace e Frankie se elas não tivessem se encontrado, interroga sobre a possibilidade que elas têm de viver a vida separadas. Sim, ambas amadureceram e estão longe de ser aquelas do universo paralelo, mas como será a amizade quando elas não morarem mais juntas? Ou a sexta temporada fará o improvável, que é colocar Nick e Grace para dividir a casa com a eterna hippie?

Foto: Ali Goldstein / Netflix

Em algumas temporadas anteriores, Frankie abandonou Grace para perceber que não conseguiria viver longe da amiga e da vida que compartilhavam em La Jolla. Seria muito previsível se no futuro Grace chegasse à mesma conclusão. Mas, como a quinta temporada mostrou, a repetição de temas é uma constante da série. Talvez menos porque os roteiristas estejam sem inspiração e mais porque a vida é assim mesmo. Algumas tormentas e reviravoltas. Muitos padrões nas atitudes e decisões. 


Bom


--

Lívia Campos de Menezes é apaixonada por filmes, séries e boa música (leia-se rock'n'roll). Adora ler e viajar. Mora em São Francisco (CA), onde trabalha como produtora de cinema independente.

Comentários