CRÍTICA | Hebe: A Estrela do Brasil

Direção: Maurício Farias
Roteiro: Carolina Kotscho
Elenco: Andrea Beltrão, Otávio Augusto, Danton Mello, Daniel Boaventura, entre outros
Origem: Brasil
Ano: 2019


Hebe Camargo é uma das apresentadoras mais conhecidas do Brasil. Fez história ao longo de uma carreira que durou quase a vida toda, já que tinha apenas 26 anos quando começou a comandar seu primeiro programa de TV. Com um timing certeiro, sua cinebiografia Hebe: A Estrela do Brasil - dirigida por Maurício Farias (Vai Que Dá Certo) - centra a narrativa em um período curto da vida da artista, destacando a sua batalha contínua contra a censura dos anos 80, período de redemocratização brasileira.

Essa luta fica clara logo na cena inicial, quando o produtor da protagonista é interrogado pelo censor do governo. Se levarmos em conta os recentes episódios de repúdio e repressão do governo atual às artes, o público - assim como os personagens em tela - se questionam se a censura típica do período ditatorial realmente acabou.

Se atualmente alguns filmes com temáticas LGBTQI+ estão tendo seus orçamentos cortados pela ANCINE (Agência Nacional do Cinema), na época de Hebe seu programa era constantemente ameaçado, seja por empresários da própria emissora ou por agentes do governo. O motivo? A apresentadora entrevistava em horário nobre travestis, transsexuais e gays, além de criticar de forma aberta a corrupção de políticos.

Foto: Warner Bros Pictures

Para além da questão da censura, outros temas relevantes também são abordados como, por exemplo, relacionamentos abusivos e a visão preconceituosa e tradicionalista da sociedade brasileira. Aliás, o filme acerta em alternar situações da vida pessoal de Hebe com sua trajetória profissional. Ao mesmo tempo em que vemos a sua transição da Rede Bandeirantes para o SBT, também acompanhamos a sua vida familiar, na companhia do marido ciumento e do filho adolescente. Detalhes que trazem humanidade à personalidade.

Aqui nossa protagonista é vivida brilhantemente por Andrea Beltrão (Sueño Florianópolis). A atriz personifica Hebe Camargo, trazendo para a sua atuação pequenos detalhes e maneirismos da apresentadora, auxiliada pelo ótimo trabalho de figurino e maquiagem, afinal, para além do seu carisma e presença de palco, a apresentadora também era conhecida por seu estilo exuberante e único. Aliás, o uso de jóias originais de Hebe se tornou um curioso acontecimento durante as filmagens, já que os colares e brincos caríssimos não tinham seguro.

Além da figura singular da apresentadora, o filme ainda apresenta outros ícones da televisão brasileira como Dercy Gonçalves (Stella Miranda) e Chacrinha (Otávio Barbosa). E nesse quesito, as caracterizações deixam a desejar, já que as presenças de Silvio Santos (Daniel Boaventura) e do cantor Roberto Carlos (Felipe Rocha), por exemplo, beiram o caricato.

Foto: Warner Bros Pictures

Apesar da narrativa como um todo não ser inovadora e, muitas vezes, confundir o público quanto a sua linha do tempo, a atuação de Andrea Beltrão garante a qualidade e o entretenimento. Hebe: A Estrela do Brasil é o tipo de filme capaz de agradar tanto os fãs da apresentadora quanto a nova geração, que talvez não lembre, ou não saiba, das façanhas e dos segredos dessa grande artista brasileira. 

Bom

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