CRÍTICA | Malévola: Dona do Mal

Direção: Joachim Rønning
Roteiro: Micah Fitzerman-Blue, Noah Harpster e Linda Woolverton
Elenco: Angelina Jolie, Elle Fanning, Michelle Pfeiffer, Chiwetel Ejiofor, entre outros
Origem: EUA/ReinoUnido
Ano: 2019


Já faz algum tempo que a Disney criou seu universo de adaptações em live-action de suas animações clássicas, onde há liberdade e criatividade para alterar histórias e dar novos tons aos personagens e ao enredo. Porém, nem sempre a originalidade acerta o tom, e infelizmente este é o caso de Malévola: Dona do Mal (Maleficent: Mistress of Evil).

Ao mesmo tempo que parece um equívoco fazer a sequência de um filme que já tinha uma premissa ousada e não tão atrativa, por tentar humanizar a vilã de A Bela Adormecida (1959), explorando seu passado e mostrando-a como vítima incompreendida, essa continuação tem seus pontos fortes que podem até superar o longa anterior. No entanto, essas virtudes não são suficientes para justificar sua existência.

Após alguns anos, a princesa Aurora (Elle Fanning) é a nova rainha de Moors, que vive uma época de promissora felicidade. Porém, a natureza de Malévola (Angelina Jolie) não permite que ela se perca em muita generosidade e a sua obsessão pela maternidade em relação a Aurora faz com que perca o limite. A jovem é pedida em casamento pelo príncipe Phillip (Harris Dickinson), mas sua mãe adotiva não suporta a ideia de perde-la para uma nova família, ainda que concorde em conhece-los.

Foto: Walt Disney Pictures

A rainha Ingrith (Michelle Pfeiffer) se mostra maternal demais com Aurora e aproveita qualquer oportunidade para alfinetar Malévola, o que acaba revoltando-a e gerando um grande desentendimento quando a rainha se demonstra uma ameaça. A partir disso, Malévola se vê obrigada a lutar novamente pelo amor de Aurora, mas é rejeitada pela filha.

Essa fúria da personagem pela relação entre Aurora e Ingrith causa ainda mais impactos na frágil relação entre os humanos e as criaturas mágicas. A natureza de Malévola transforma a personagem em uma tentativa já manjada de discernimento entre raças, como uma metáfora entre a separação de uma monarquia branca e os selvagens de cores diferentes. É a clássica história da batalha entre dois mundos divergentes, um superior e outro inferior, um que abomina a diferença e outro que quer igualdade e justiça. Tendo alguém que transita entre esses dois mundos, podendo uni-los.

Embora seja uma premissa batida e que não prende o espectador, o longa fascina por seu visual, que mais uma vez agrada aos jovens e fãs do universo de animações e histórias de magia e fantasia, algo característico do estúdio, mesmo que a beleza espetacular das paisagens e as criaturas simpáticas não sejam o suficiente para engajar público e crítica.

Devo destacar também que o elenco conta com o carisma de três gerações de ótimas atrizes: Michelle Pfeiffer (Mãe!), Angelina Jolie (À Beira Mar) e Elle Fanning (O Estranho Que Nós Amamos). Três mulheres no centro da história, usando a sua força de maneiras muito diferentes. Desde o filme anterior, o empoderamento feminino é uma característica forte presente nas personagens, e aqui não é diferente. Pfeiffer encarna uma ótima vilã, estrategista, manipuladora, que faz de tudo para alcançar seus objetivos. Jolie prova mais uma vez que nasceu para interpretar esse papel. Fanning, por sua vez, ganha mais espaço, segura de seus princípios e sentimentos como nunca.

Foto: Walt Disney Pictures

Malévola: Dona do Mal se apresenta como um conto de fadas modernizado, com líderes femininas, um universo mágico e encantador como cenário de fundo, porém não apresenta argumento ou força suficiente para prender a atenção do espectador, o que é uma pena. É fácil uma das mais chatas adaptações produzidas pela Disney. 

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