CRÍTICA | Bad Boys Para Sempre

Direção: Adil El Arbi e Bilall Fallah
Roteiro: Chris Bremmer, Peter Craig e Joe Carnahan
Elenco: Will Smith, Martin Lawrence, Joe Pantoliano, Vanessa Hudgens, Alexander Ludwig, entre outros
Origem: EUA/México
Ano: 2020


É inegável que Os Bad Boys (1995) foi um marco para a indústria cinematográfica. Trata-se do primeiro filme de destaque na carreira de Will Smith (Aladdin) - embora muitos afirmem que o ator foi lançado ao estrelato com Independence Day (1996). Na ocasião ele foi indicado para o papel por seu amigo Martin Lawrence (Um Tira Muito Suspeito), que estava em ascensão na carreira. Ao mesmo tempo, foi o primeiro longa-metragem de Michael Bay (Sem Dor, Sem Ganho) como diretor, função exercida até hoje com sucessos de bilheteria. E apesar do roteiro pouco inovador, a proposta de trazer dois protagonistas negros durante o auge dos filmes de duplas policiais era uma novidade bem-vinda.

Como acontece com toda obra bem-sucedida, Hollywood se encarregou de produzir uma sequência e assim nasceu Bad Boys II (2003). Como toda boa continuação hollywoodiana, em que a regra é aumentar a escala de tudo, o longa tem maior orçamento, mais explosões e menos roteiro – com algumas piadas até bem duvidosas. Ainda assim um entretenimento de sucesso, que manteve a franquia viva no imaginário popular até hoje.

Dentro desse contexto, Bad Boys Para Sempre (Bad Boys For Life) estreia 17 anos após seu antecessor, com a promessa de trazer a franquia aos holofotes novamente, mas com muito menos pompa e relevância do que nunca. Infelizmente.

Foto: Sony Pictures

Com a idade chegando e o nascimento de sua primeira neta, Marcus Burnett (Lawrence) decide - mais uma vez - se aposentar, enquanto seu parceiro de longa data, Mike Lowrey (Smith) segue um solteirão inveterado, sozinho no mundo e viciado na adrenalina da ação policial. Quando um dos dois acaba sofrendo um atentado, as coisas passam a mudar de figura e a dupla decide se juntar para uma última (?) missão.

Se em um primeiro momento a premissa parece caminhar para algo diferente do que já vimos anteriormente na franquia, aos poucos o roteiro se encarrega de negar qualquer possibilidade de que isso aconteça. Isso porque o texto de Bad Boys Para Sempre beira o de uma novela mexicana de qualidade duvidosa. Sem entrar em detalhes para não dar spoilers, alguns momentos chegam a dar certa vergonha do que vemos em tela. Isso ocorre pois a franquia, ainda que proponha ser um filme de ação com comédia, se leva relativamente a sério, fazendo com que o ridículo soe, de fato, ridículo. E se há algo de positivo nesse sentido, ao menos as piadas grosseiras e machistas foram deixadas de lado.

Outro fator evidente é a influência de filmes como os da franquia Velozes e Furiosos. A necessidade de se ter uma equipe envolvida na ação, que se desentende a princípio, mas que aos poucos se torna uma "família", é evidente aqui. O que é engraçado, de certa forma, já que um dos conceitos que mais funcionava em Bad Boys II, por exemplo, era o conceito familiar envolvido. Ao menos alguns coadjuvantes envolvidos têm certo carisma, como os personagens vividos por Paola Nuñez (Rainha do Sul) e Alexander Ludwig (Vikings), mesmo sem qualquer desenvolvimento de roteiro.

É válido citar o retorno de Joe Pantoliano (Matrix) como o Capitão Howard. Um ator de talento, mas que tem aparecido pouco em grandes produções atualmente. Sua participação, ainda que relativamente pequena, é bem aproveitada e divertida em alguns momentos.

Foto: Sony Pictures

Mas Bad Boys só é Bad Boys com ótimas cenas de ação, certo? Certo, mas não é bem o que vemos aqui. A direção da dupla Adil El Arbi (Black) e Billal Fallah (Image) é pouco inspirada e tenta irritantemente emular a condução de Michael Bay, mas sem o mesmo talento para a ação, algo que, convenhamos, é seu maior atributo. Para ser justo, algumas cenas de dublês impressionam, mas não há um grande momento como a perseguição à pé de Will Smith em Os Bad Boys ou a perseguição de carros na via expressa de Bad Boys II. Nesse ponto, o orçamento reduzido deve ter influenciado bastante.

No fim, o que faz Bad Boys Para Sempre ser minimamente relevante é a nostalgia de ver Martin Lawrence e Will Smith juntos em tela novamente. Mesmo com um roteiro pouco inspirado, a dupla entrega a química de sempre e prende o espectador a todo o momento. E sabendo que a franquia pretende seguir em frente - mesmo que o material promocional tenha dito que essa seria a última vez - nos resta torcer para que os realizadores invistam nos pontos que deixaram a desejar dessa vez. Com dois atores tão carismáticos em cena, basta um mínimo de cuidado com o roteiro e um bom investimento nas cenas de ação para que o resultado atinga o esperado.

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