CRÍTICA | Judy: Muito Além do Arco-Íris

Direção: Rupert Goold
Roteiro: Tom Edge
Elenco: Renée Zellweger, Michael Gambon, Rufus Sewell, Jessie Buckley, entre outros
Origem: Reino Unido
Ano: 2019


Uma das principais estrelas da Era de Ouro de Hollywood é homenageada nessa cinebiografia estrelada por Renée Zellweger (Jerry Maguire: A Grande Virada) e dirigida por Rupert Goold (A História Verdadeira). Judy: Muito Além do Arco-Íris (Judy) conta a história de Judy Garland desde bem jovem, quando tornou-se sucesso absoluto ao estrelar O Mágico de Oz (1939). Mas são as consequências de ser esse ícone extraordinário que são o foco da produção.

O roteiro de Tom Edge (The Crown) aborda a vida da atriz a partir de sua decadência, quando ela foi para Londres a fim de realizar uma série de shows para se recuperar financeiramente e sustentar os filhos. Utilizando de flashbacks como recurso narrativo, a obra constata o motivo de tal declínio, mostrando como a vida de Judy foi moldada desde muito cedo para que se transformasse em uma estrela.

Configurada, talhada e esculpida para a fama. Era difícil discernir o que era realidade e o que era fantasia durante sua adolescência. Tomava remédios para dormir e para inibir o apetite. Além de não poder comer o que queria, passou por outras situações deploráveis. Era a garota que não podia ser Frances Gumm (seu nome de batismo), pois só permitiam que ela fosse Judy Garland, a artista, por toda a vida.

Foto: Paris Filmes

A artista essa que foi parasitada por todo tempo, principalmente por homens que tentaram se aproveitar de seu talento e conquistas. Dos diretores de seus filmes até o último marido. Todos queriam de Judy algo em troca, menos saber como ela realmente se sentia. Aqui assistimos sua destruição em tela. Flagramos sua consumação. 

Dentro deste contexto, Renée Zellweger merece todos os prêmios que vem recebendo, já que compôs Judy Garland com maestria, em cada detalhe, mesmo não abandonando seus próprios traços. A atriz retrata uma mulher forte, mas que vive um momento de pura fragilidade. Uma fase de profunda tristeza interior e de aceitação.

Ao mesmo tempo que vivenciamos uma história triste, em que desejamos que tivesse rumos diferentes, é impossível não se encantar com todas as vezes que Judy "renasce". Mesmo após tantas quedas, continuava a se levantar. E, dito isso, talvez tenha faltado à obra um retrato do seu auge enquanto artista. Faltou mais de seu passado para que o contraste entre o seu pior e melhor momento saltassem a tela.

No fim, Judy não desgostava dos palcos, pelo contrário. Ela era apaixonada pelo amor que seu público lhe direcionava a cada apresentação. Havia um sonho por baixo de todo flagelo sofrido ao longo de tantos anos. O dilema era que, esse mesmo sonho, fora usurpado e transformado em um produto que fugira do seu controle

Foto: Paris Filmes


Ótimo

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