CRÍTICA | Sexta-Feira 13

Direção: Sean S. Cunningham
Roteiro: Victor Miller
Elenco: Betsy Palmer, Adrienne King, Jeannine Taylor, Robbi Morgan, Kevin Bacon, entre outros
Origem: EUA
Ano: 1980



 Essa crítica contém spoilers! 

É curioso como alguns filmes ficam tão marcados na cultura pop que, mesmo sem tê-los assistido, conhecemos todos os seus elementos, surpresas e detalhes. É o caso de Sexta-Feira 13 (Friday the 13th), um clássico do subgênero "slasher movies" que assisti pela primeira vez recentemente e acabei me decepcionando, talvez justamente por saber tudo que aconteceria.

Após o assassinato de um casal de monitores no acampamento Crystal Lake, o local ganha fama de ser amaldiçoado, com vários casos estranhos ocorrendo. Após anos do ocorrido, um novo grupo de monitores chega para trabalhar no acampamento e novos assassinatos passam a acontecer sem que o assassino seja descoberto.

Talvez o grande problema de Sexta-Feira 13 seja a falta de carisma de seu elenco principal, formado inteiro por atores jovens e de pouco talento. Todos sabemos que poucos ali sobreviverão, afinal, sabemos o que esperar do filme, mas os poucos diálogos não dão oportunidade para o espectador se afeiçoar minimamente com nenhum dos personagens. Nem mesmo um jovem Kevin Bacon (Ela Vai Ter um Bebê), em um de seus primeiros trabalhos, consegue fazer algo a ponto de se destacar.

Paramount Pictures

Dentro desse contexto, é decepcionante que o roteiro de Victor Miller (A Stranger is Watching) tente prestar uma homenagem a Psicose (1960), de Alfred Hitchcock (Janela Indiscreta), apresentando uma protagonista feminina para logo em seguida elimina-la sem cerimônia. A referência fica clara na cena do assassinato da mesma, quando a trilha sonora de Harry Manfredini (Abismo do Terror) claramente emula à da obra-prima mencionada. No entanto, o risco de Hitchcock naquela na início dos anos 1960 só foi possível graças a todos os outros elementos de sua obra, que funcionam primorosamente. Em Sexta-Feira 13 não podemos dizer o mesmo, o que faz com que o longa perca muito de seu impacto.

A falta de orçamento também salta aos olhos, já que as cenas de assassinato são pouco convincentes e com uma maquiagem precária para o início dos anos 1980. A direção pouco inspirada de Sean S. Cunningham (Primavera na Pele) também pouco ajuda, ainda que tenha seus momentos, como quando coloca a visão do assassino em primeira pessoa, criando uma tensão que justifica parcialmente o sucesso da franquia por tantos anos.

E falando em assassino, o fato de não termos a figura do Jason no filme diminui seu impacto consideravelmente, de tão icônico que o personagem é visualmente para o gênero. Por outro lado, para um espectador desavisado, ter a mãe do personagem como a verdadeira serial killer pode ser suficientemente surpreendente. E deve ter sido, na ocasião de seu lançamento. Para quem assiste hoje, como eu, fica um pouco difícil de comprar. Se alguém ainda não sabia... bom... o recado de spoilers no início da crítica se justifica.

Paramount Pictures

No fim, é possível compreender os motivos de Sexta-Feira 13 ainda permanecer no imaginário popular, mas o fato é que trata-se de uma obra que empalidece consideravelmente se comparado com outros filmes do gênero, que foram lançados num intervalo curto de tempo, como Halloween: A Noite do Terror (1978), por exemplo, ou mesmo A Hora do Pesadelo (1984). Uma pena.

Ruim

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