CRÍTICA | O Curioso Caso de Benjamin Button

Direção: David Fincher
Roteiro: Eric Roth
Elenco: Brad Pitt, Cate Blanchett, Taraji P. Henson, Mahershala Ali, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2008



Beirando quase três horas de duração, O Curioso Caso de Benjamin Button (The Curious Case of Benjamin Button) foi vencedor em três categorias do Oscar 2009: Melhor Direção de Arte, Melhores Efeitos Visuais e Melhor Maquiagem e Penteado. O drama dirigido por David Fincher (Zodíaco) é uma mistura de gêneros, passeando entre o romance e a fantasia, trazendo reflexões sobre como viver é uma dádiva.

Na iminência do país ser atingido por um tornado, a idosa Daisy (Cate Blanchett) está internada em situação crítica no hospital. Sua filha, Caroline (Julia Ormond), se faz presente e sabe que a qualquer momento sua mãe morrerá. Como forma de se despedir e realizar um de seus últimos pedidos, ela passa a ler o diário que sua mãe se dedicou durante sua vida inteira a escrever. E já nas primeiras linhas registradas o espectador é transportado para o ponto de vista do personagem central da trama.

No fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), Benjamin Button (Brad Pitt) nasce em um dia de festividade e alegria nos Estados Unidos, no entanto, sua mãe falece durante o trabalho de parto. Seu pai não aceita a aparência da criança, que nasceu com uma anormalidade física, em que aparenta ter 80 anos de idade, além de estar acompanhado das fragilidades e restrições da terceira idade. Benjamin então é descartado nos fundos de um asilo, onde é acolhido por Queenie (Taraji P. Henson) e criado como mais um dos senhores que habitavam o local.

O roteiro de Eric Roth (Ali) estabelece uma história leve, porém intensa ao mesmo tempo. Nele é possível discutir as diferentes filosofias de vida de cada personagem, já que somos apresentados ao pequeno universo de cada pessoa presente na jornada de Benjamin pelos olhos do próprio protagonista. A superficialidade traz a impressão de que o conhecemos como um parente distante de nossa própria família.

Warner Bros Pictures

Como a maioria dos filmes dirigidos por Fincher, o longa é uam adaptação de um conto homônimo, escrito pelo norte-americano F. Scott Gitzgerald, em 1922, publicado na revista Collier’s Weekly, e acrescentado em seu livro Tales of the Jazz Age.

O Curioso Caso de Benjamin Button trata de idas e vindas, de momentos, da impressão de tudo estar em seu devido lugar e que nada acontece por acaso, por mais que possa parecer que poderíamos ter evitado algum evento inoportuno em nossas vidas. Seja em seus relacionamentos amorosos, suas amizades ou no relacionamento com familiares, Benjamin nos ensina como o ser humano pode aprender a se apegar àquele instante com uma determinada pessoa, mas consegue deixá-la ir embora quando necessário for. Quase todos os momentos da obra entregam essa mensagem de apreciação à jornada.

Apesar de Benjamin ter vivido sua vida “ao contrário” do resto do mundo, ele a prestigiou tanto quanto Daisy, que viveu dias agitados, com muita música clássica, festas e ballet. Ambos parecem estar andando em direção oposta, até que enfim conseguem entrar em sintonia e se encontram nas mesmas circunstâncias, rodeados pelo cenário caótico que passaram a infância.

O Curioso Caso de Benjamin Button é bem sucedido em transmitir essa mensagem reflexiva e emocionante, e confesso que é quase impossível não chorar e permanecer pensando sobre tudo que foi vivenciado pelo personagem nas quase três horas de projeção. Assim como Daisy comenta com sua filha, sobre o propósito da criação do relógio da estação, a narrativa encerra trazendo o mesmo objeto em tela, reforçando que tudo em nossa volta é composto de ciclos.

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Excelente


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