Game of Thrones 7x06 | Beyond the Wall


SPOILERS!

E vazou mais uma vez um episódio de Game of Thrones...

O pior de tudo é que dessa vez todos foram pegos desprevenidos e os babacas da internet, que adoram estragar a experiência dos outros, tiveram tempo suficiente para soltar spoilers ao bel prazer, compartilhando gifs e prints do encerramento do 7x06 para quem quisesse (ou não) ver. E você nem precisava estar num post sobre GoT, pois pessoas publicavam spoilers em posts aleatórios, de qualquer série ou filme, apenas com o intuito de prejudicar os outros. A maldade do ser humano é algo assustador, deprimente, na verdade.

Por outro lado, volto aqui meu lamento não pelo que os maldosos fizeram, mas pela imensa falta de preparo que a HBO demonstrou na condução dessa sétima temporada. Foram fotos de bastidores que vazavam diariamente durante as gravações, foram roteiros fidedignos que vazaram antes da estreia da temporada e que ainda circulam pela internet, foi a perda dos dados para criminosos que querem encher o bolso de bitcoins, foi o vazamento de The Spoils of War e agora o vazamento de Beyond the Wall, após uma pataquada sem precedentes da HBO Espanha. Ah... soma-se a isso o fato de que a HBO GO esteve fora do ar durante a transmissão de todos os episódios dessa temporada.

O seu assinante merecia melhor tratamento, HBO. E mesmo quem não assina e é fã da série, também. Todavia, vamos ao que interessa.

Crédito: Helen Sloan/HBO

Arya

Não sei vocês, mas estou achando um porre essa trama criada em Winterfell. Na verdade, é bem decepcionante que um cenário de reencontro dos Starks em seu lar, algo que esperamos há 7 anos, resuma-se apenas às manipulações de Mindinho, enquanto Sansa e Arya caem em sua lábia como duas patinhas. As personagens evoluíram tando desde que saíram do Norte, ainda crianças, que é inaceitável a passividade com que são enganadas. Podemos ter uma reviravolta no season finale, mostrando que tudo era mero teatro? Podemos, mas nada justifica a cena em que Arya ameaça sua irmã com um punhal. Ainda que ela tenha passado por tudo que passou, Sansa é sua irmã, uma Stark de Winterfell, a lembrança mais próxima de seus pais, Ned e Catelyn. Por mais magoada que a garota esteja, tal ameaça vai contra a construção da própria Arya como personagem.

Sansa

Sansa, por sua vez, tomou uma decisão que também não condiz com sua própria jornada. Lembro-me de, ainda nessa temporada, a personagem citar que não temia por sua segurança, pois tinha Brienne para protegê-la. Eis que, em seu momento de maior vulnerabilidade, a Senhora de Winterfell envia a guerreira para Porto Real afim de ouvir o que Cersei tem a dizer, recusando inclusive a presença de Podrick. Simplesmente não faz sentido, por mais lógicas que suas justificavas possam parecer. E, veja bem, estou sendo bem bondoso em toda essa análise, pois se eu quisesse criticar ferrenhamente tais arcos, bastava dizer que Bran está em Winterfell e já poderia ter acabado com essa palhaçada a qualquer momento, bastava uma linha de roteiro.

Crédito: Helen Sloan/HBO

Jon

Além da muralha, Jon e seu esquadrão suicida rumam para a bizarra missão de capturar um morto-vivo para convencer Cersei de que o perigo é iminente para Westeros. Bizarra pois, por mais que a Rainha Lannister seja convencida, alguém acredita que ela embarcará numa parceria amistosamente? Será que nenhum deles lembra de quem eles estão falando? É a Cersei, gente! Ela explodiu o Grande Septo e matou centenas de inocentes apenas por vingança. Enfim... por mais que a premissa seja um fiapo de história, é inegável que os acontecimentos além da muralha ficarão marcados entre os fãs da série.

Gostei como o roteiro se preocupou em criar pequenas relações entre os membros do esquadrão. Cenas curtas, mas que refletiram nas ações dos personagens durante a batalha que viria a seguir. Honrado como seu "pai", Ned, Jon ofereceu Garralonga para Sor Jorah, entendendo que a espada deveria permanecer na família Mormont. Uma cena singela, mas tocante, especialmente pela atitude de Jorah em devolver a espada ao Rei do Norte. De certa forma, Snow conquistou a admiração de Mormont naquele momento, uma característica que tem em comum com Daenerys, que também conquista a admiração de seus seguidores em pequenas ações como essa.

Também gostei bastante da participação de Beric Dondarrion que, enfim, teve tempo para mostrar a que veio na série. A cena em que percebe a morte Thoros de Myr e profere sua oração para o Senhor da Luz foi de arrepiar, especialmente se lembrarmos de sua jornada, renascido 6 vezes pelo companheiro que ali sucumbia aos ferimentos causados pelo urso morto-vivo, uma dica do que viria a acontecer no desfecho do episódio. Além disso, seu diálogo com Jon, falando sobre proteger os outros, foi essencial para a decisão que o Rei do Norte tomaria na chegada de Daenerys,

Falando da batalha em si, não foi surpresa perceber que tudo estava perdido, visto que a diferença numérica era colossal. Foi bonito de ver a cena em que o esquadrão se reuniu em formação circular, lembrando muito um momento de O Senhor dos Anéis, quando a Sociedade do Anel enfrenta uma imensidão de goblins nas Minas de Moria. Infelizmente, Jon já havia tomado a infeliz decisão de pedir o socorro de Daenerys. Decisão essa que salvaria sua vida e a de parte de seus companheiros, mas que trará consequências catastróficas para a guerra contra os Caminhantes Brancos.

Crédito: Helen Sloan/HBO

Daenerys

Em Pedra do Dragão, seu diálogo com Tyrion foi interessante, discutindo a sucessão do trono que ainda não é seu. Muitos teorizam que o Meio-Homem pode ser um traidor entre os seguidores da Mãe dos Dragões, por sua lealdade a família Lannister, mesmo que sempre tenha sido renegado por ela. Acho difícil, mas não impossível. Além disso, me parece que a Rainha decidiu deixar os conselhos de sua Mão por um tempo, levando seus três dragões imediatamente para além da muralha para atender o chamado de Jon.

Sua chegada, como sempre, foi triunfal, queimando centenas de mortos-vivos e dando possibilidade do esquadrão reagir. Gostei bastante do cuidado com o design da cena, com as chamas atingindo o solo congelado e derretendo-o. Fora que vermos os dragões e Daenerys além da muralha é algo que esperávamos há muito tempo. São dois mundos extremos se encontrando, provando que falta realmente muito pouco para vermos o fim de Game of Thrones. O que poucos imaginavam é que a missão de resgate, ainda que bem sucedida, fosse causar uma baixa tão importante.

Observando tudo que acontecia, o Rei da Noite não hesitou em lançar sua lança de gelo mágica em Viserion (só descobri pesquisando), que foi abatido em definitivo. Uma cena tão chocante para nós como para nossa Khaleesi, que observava tudo incrédula. A cena foi realmente aflitiva, pois sabíamos que a qualquer momento o líder do exército gelado poderia tentar atingir os outros dois dragões. Jon então se sacrifica em prol da Targaryen, pedindo para ela fugir de imediato, levando consigo os sobreviventes nas costas de Drogon.

Por sorte, e graças ao roteiro, Jon foi salvo por Benjen Stark, o que nos possibilitou escutar pela última vez um "uncle Benjen" de Kit Harington. E sim, a teoria do Dragão de Gelo foi confirmada. Nada demais pra dizer aqui, só sentir. Seja o que o Senhor da Luz quiser daqui para frente.

O último momento que quer destacar é cena de Jon e Dany no navio. Muitos reclamam do romance que está sendo criado para os dois, acham forçado e tudo o mais, mas confesso que tenho gostado bastante. Digo isso, pois, me parece que o tal romance se constrói aos poucos, com ambos conquistando admiração mútua. Daenerys Targaryen e Jon Snow são dois personagens que admiramos demais, desde o início da série, por suas conquistas e trajetórias, e ver que ambos reconhecem isso um no outro é gratificante. O momento em que Jon "ajoelha" para Dany foi tocante, não pelo ato em si, mas pela Mãe dos Dragões deixar a carapaça que carrega em torno de si por um momento e, abatida pela morte de um filho, diz emocionada: "Espero ser merecedora".

Pode vir, season finale, estou lhe esperando.

Crédito: Helen Sloan/HBO

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