CRÍTICA | Venom


Direção: Ruben Fleischer
Roteiro: Scott Rosenberg, Jeff Pinkner, Kelly Marcel e Will Beall
Elenco: Tom Hardy, Michelle Williams, Riz Ahmed, Woody Harrelson, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2018

Atenção! Essa crítica contém spoilers.

Um dos mais famosos vilões do Universo Marvel dos quadrinhos ganhou sua adaptação para os cinemas. Com sua primeira aparição em maio de 1988 na revista Amazing Spider-Man #300, de David Michelinie e Todd McFarlane, Venom foi um fenômeno que tomou conta das HQs na década de 90. Um vilão sombrio e violento, com um traje alienígena sofisticado e atitudes radicais. É também um dos principais opositores ao Homem-Aranha, e isso por si só é algo grande. Mas Venom, o filme de Ruben Fleischer (Zumbilândia), não guarda qualquer relação com o Cabeça de Teia, tampouco com a criação nos gibis, ainda que os envolvidos neguem isso em entrevistas.

Eddie Brock (Tom Hardy) é um jornalista com forte veia investigativa e sede de justiça. Por meio de suas perguntas capciosas e se aproveitando da posição de repórter para conseguir as informações e as revelações que quer e precisa, ele acaba perdendo seu emprego ao confrontar o cientista Carlton Drake (Riz Ahmed), que foi acusado de realizar experiências mortais com cobaias humanas que se submeteriam à interações com simbiontes, espécies de alienígenas que precisam de organismos compatíveis para se alimentar dos órgãos vitais e conseguirem sobreviver. A partir de uma acusação feita por intuição, sem conseguir provas, Eddie tem sua vida arruinada, perdendo sua carreira e também a namorada Anne Weying (Michelle Willians). Até o momento em que ele se vê diante de um simbionte.

Foto: Sony Pictures

Logo nas primeiras momentos do longa nos deparamos com a chegada dos simbiontes ao nosso planeta. À primeira vista algo inconsistente aos nossos olhos, mas mais adiante é apresentado o ponto fraco desses seres alienígenas, sensíveis a sons acima de 6.000 Hz. Após atacar alguns hospedeiros por sua força descomunal, o simbionte, conhecido como Venom, não apenas desperta terror, mas se torna uma ameaça real. A doutora Dora Skirth (Jenny Slate), que trabalha para Drake, enxerga que o melhor a fazer é interromper os plano do chefe e recorre a Eddie para acabar com tudo, mas o simbionte foge e a situação se complica ainda mais. De início, Venom não se funde ao corpo de Eddie, mas o assume, deixando-o um tanto estranho, com febre, faminto, se alimentando de carne humana.

A medida em que a narrativa se desenvolve o espectador é apresentado a relação entre Venom e Eddie, que aparentemente constroem laços sentimentais, uma vez que o simbionte salva a vida do jornalista algumas vezes, preferindo ficar hospedado em seu corpo ao invés de procurar outro hospedeiro. Aliás, nota-se que a criatura tenta não só protegê-lo, como também sua ex-noiva, que se revela fundamental para o desfecho da trama.

Se o roteiro se mostra promissor ao abordar a relação entre humanos e alienígenas, bem como o uso do experimento como arma biológica, falta sutileza para se atingir os objetivos. Um exemplo é temática do longa, ora soa engraçado e ora soa sombrio. Não existe uniformidade. Ainda assim se mostra bom entretenimento, muito em função da figura de Tom Hardy (Mad Max: Estrada da Fúria). O ator demonstra uma veia cômica que não é habitual em seus trabalhos, mas que funciona bem aqui. E ainda que Venom apresente um visual ameaçador, seu interprete consegue trazer a tona um senso de justiça que é essencial para que um vilão funcione como figura protagonista.

Michelle Williams (Manchester à Beira-Mar) também está bem, como de costume, mas o mesmo não se pode dizer de Riz Ahmed (Rogue One: Uma História Star Wars), muito em função da falta de desenvolvimento de roteiro para seu personagem. Antes perverso e canastrão, de repente se torna cínico e passivo. Além disso, sua união com Riot, outro simbionte, não é bem explicada. Tudo ocorre muito rápido e prejudicando o entendimento da trama, ainda que a batalha final seja emocionante e repleta de efeitos visuais.

Foto: Sony Pictures

Apesar de seus defeitos, Venom é bom entretenimento para os fãs de quadrinhos. O anti-herói (?) vem com uma nova proposta, o de estabelecer seu próprio universo compartilhado com personagens do Homem-Aranha, uma receita arriscada, mas que pode dar certo se for bem desenvolvida. E vale lembrar que o filme possui duas cenas pós-créditos. Vamos a elas.

Cena 1: Eddie Brock chega a um complexo penitenciário para entrevistar o terrível Cletus Kasady (Woody Harrelson), um serial killer que já se fundiu com um simbionte e acabou se transformando no Carnificina, uma criatura insana. Com seu olhar enigmático, ele promete que vai sair de trás das grades e promover muita carnificina. Apesar de piegas, o diálogo faz jus ao personagem.

Cena 2: O filme encerra com cenas da próxima produção da Sony, a animação Homem-Aranha no Aranhaverso (Spider-Man Into the Spider-Verse). Na cena exclusiva, um garoto vestido de Homem-Aranha, que é, nada mais, nada menos, que Miles Morales, o Homem-Aranha do Universo Ultimate da Marvel. Ele está diante do túmulo de Peter Parker, prometendo honrar seu nome e suas memórias, e acaba por salvar um mendigo. O que será que vem pela frente? Aguardamos ansiosos.

Bom

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