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Postado por
Nathalia Bottino
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Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral é um filme diferente, que parece ter sido produzido em um estúdio pequeno, por um bando de amigos apaixonados por cinema. Essa, na verdade, é a premissa do longa-metragem dirigido por Halder Gomes (O Shaolin do Sertão), sequência do já cultuado Cine Holliúdy (2012).
Muitos adjetivos podem ser atrelados a obra: engraçado, bizarro, trash. O nível de fanfarrice envolvendo o longa é o segredo de seu sucesso e carisma. Uma paródia de todos os subgêneros, com centenas de referências a outros filmes, piadas idiotas, é o que faz dessa história tão absurda e nonsense, criando uma atmosfera pitoresca, exótica e cômica, que contribui ao clima surreal de todo o conjunto.
Muitos adjetivos podem ser atrelados a obra: engraçado, bizarro, trash. O nível de fanfarrice envolvendo o longa é o segredo de seu sucesso e carisma. Uma paródia de todos os subgêneros, com centenas de referências a outros filmes, piadas idiotas, é o que faz dessa história tão absurda e nonsense, criando uma atmosfera pitoresca, exótica e cômica, que contribui ao clima surreal de todo o conjunto.
As novas aventuras do cinéfilo Francisgleydisson (Edmilson Filho) na pequena, porém peculiar, Pacatuba, no interior do Ceará, começam exatamente quando a televisão ascende à preferência nacional. Após ir à falência e ser obrigado a desfazer-se do cinema, ele decide realizar um longa que irá sanar todas suas dívidas financeiras. O detalhe é que o protagonista viu um amigo ser abduzido por alienígenas e decide transformar parte dessa história em narrativa cinematográfica, chamada: "Lampião x Alienígenas: A Chibata Sideral".
Foto: ATC Entretenimentos Ltda. |
Com uma convenção de clichês e "desclichês", o diretor busca a falta de originalidade para criar algum grau de autoria. O mais impressionante é a eficácia da estratégia. Com um roteiro que tem tudo para dar errado e, ao mesmo tempo, tudo para dar certo, Cine Hollyúdi 2 provoca risadas e tiradas políticas e outras levemente moralistas, quase como uma necessidade de reforçar seu teor paródico. O regionalismo abraçado pelo cineasta é admirável, as variações são tantas que a legenda se faz necessária, sendo parte da comédia, inclusive.
A resistência de Francisgleydisson adquire novas formas, pois ele agora experimenta o âmbito da direção, lançando mão de pinturas dos figurantes de verde, tampas de panela e afins. É uma declaração de amor a esse cinema trash artesanal, feito com base na admiração. Há, também, a observação da transmissão desse afeto, com Francisgleydisson Jr. (Ariclenes Barroso), demonstrando empolgação para seguir os passos incertos, porém sonhadores e gregários do pai. De certa forma, isso representa a dificuldade de viver de cinema.
E embora seja um filme exageradamente cômico, há espaços para essas observações pontuais, baseadas na realidade, como as igrejas evangélicas que ocupam templos da arte e o mecenato político com intenções eleitoreiras. O prefeito Olegário (Roberto Bomtempo), que está em franca campanha para eleger a sua sucessora, a espalhafatosa Justina (Samantha Schmutz). É justamente a tal candidata que vê possibilidade de angariar votos se investir na transformação da cidadezinha na sucursal cearense de Hollywood.
Halder Gomes consegue, mais uma vez, criar algo abrangente no sentido cômico, absolutamente valorizada pelo talento e o timing dos atores para o texto de impacto imediato. A compreensão da relação entre o roteiro e a direção é feita de maneira extremamente orgânica. Maneira essa que o diretor encontrou para realizar esta transição, escalonando a decupagem de forma fragmentada, rimando com as piadas muitas vezes fora de tempo.
Cine Holliúdy 2 é um filme bem maior, no sentido de produção, que seu antecessor. Aliás, diferentemente do longa-metragem passado, em que a legendagem é literal, dando conta de facilitar a sessão para os não iniciados nos termos cearenses, aqui ela serve de tradutora, elucidando as expressões. As atuações são caricatas, como todas as partes técnicas, já que a intenção é compactuar com o sentimento canastrão geral.
No fim, a continuação do longa de 2013 é divertido e lúdico, com pitadas engenhosas de referências cinematográficas, que culminam em uma agradável sessão de entretenimento. É difícil sair sem dar ao menos uma risada, um mérito que Halder conseguiu provocar com uma paródia de gêneros e obras clássicas, abrindo inúmeras possibilidades estéticas. Todos são ingredientes desse filme delicioso, que não perde a identidade por ambicionar ser diferente.
Bom |
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