CRÍTICA | Vingança a Sangue-Frio


Direção: Hans Petter Moland
Roteiro: Frank Baldwin
Elenco: Liam Neeson, Laura Dern, Micheál Richardson, entre outros
Origem: Reino Unido / Noruega / Canadá / EUA
Ano: 2019


Notabilizado por seu talento e filmografia, Liam Neeson (O Passageiro), tem se destacado nos últimos dez anos como protagonista de longas de ação. Alguns com bom conteúdo, outros nem tanto. Ao ler a sinopse de Vingança a Sangue-Frio (Cold Pursuit), é fácil presumir que se trata de mais um filme de ação genérico, com tiros, porrada e bomba. E é justamente essa suposição que faz com que a obra seja uma grata surpresa ao espectador.

Dirigido pelo cineasta sueco Hans Petter Moland (Um Homem Um Tanto Gentil), a obra é uma refilmagem de O Cidadão do Ano (2014), longa dirigido pelo próprio Moland. A narrativa nos apresenta a Nels Coxman (Neeson), um respeitado morador de uma pequena cidade, na qual trabalha em uma empresa de limpeza de neve, mantendo as estradas limpas durante os fortes períodos de nevasca que assolam as ruas. Porém, a vida do homem vira um pesadelo quando seu filho, Kyle (Micheál Richardson), morre a mando de um traficante da região, o temível Viking (Tom Bateman). O protagonista então busca vingança a qualquer custo, buscando executar todos os envolvidos com o assassinato.

No roteiro da produção original, o conflito vivido pelo protagonista interpretado por Stellan Skarsgård (Ninfomaníaca) leva uma gangue de sérvios e veganos para a guerra. Na versão atual, o confronto se dá entre mafiosos e indígenas. Os grandes líderes da região começam a suspeitar uns dos outros e a violência sai do controle. A cidade se transforma em um campo de guerra entre facções criminosas rivais. Os policiais locais são despreparados para tal situação e Coxman passa a figurar no radar, pronto para eliminar um a um. Na medida que cada mafioso é eliminado, surge um fundo preto na tela e uma legenda com o nome e apelido do executado. Uma espécie de contagem de corpos e uma escolha narrativa acertada para a proposta.

Foto: Paris Filmes

Além da brutalidade esperada, com muitos tiros, golpes duros e sangue jorrando, o espectador se depara com o emprego de humor negro em doses moderadas, proporcionando uma experiência diferente da habitual. Quem acompanha sente a sensação de que é melhor rir do que chorar de determinadas situações, algo incomum para um filme do gênero.

Neeson cumpre bem seu papel de protagonista e entrega a atuação de um pai amargurado, com personalidade fria, calculista e sedento por justiça. Laura Dern (Star Wars: Os Últimos Jedi), vivendo a esposa de Coxman, tem uma aparição breve e poderia ter sido melhor utilizada pelo roteiro. Já o vilão, vivido por Tom Bateman (Assassinato no Expresso do Oriente), não gera tanto impacto na narrativa, soando canastrão e com escolhas óbvias. Um destaque a citar é o garoto Nicholas Holmes (A Cabana), que vive o filho de Viking, figura carismática e que se mostrou capaz de amolecer o coração do protagonista em dados momentos.

No fim, Vingança a Sangue-Frio se mostra um filme surpreendente, com humor despretensioso e boa ação, ainda que tenha um roteiro falho. Ainda assim, apesar de seus altos e baixos, entrega um protagonista interessante e bom entretenimento ao pública. Uma ótima pedida aos fãs do gênero.

Foto: Paris Filmes


Bom

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