CRÍTICA | Meu Amigo Enzo


Direção: Simon Curtis
Roteiro: Mark Bomback
Elenco: Milo Ventimiglia, Amanda Seyfried, Kevin Costner, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2019

“Se você tem total controle sobre uma curva, a chuva será simplesmente uma chuva.”

A frase acima não soa apenas como estratégia de um piloto de corridas, mas possui também forte teor filosófico, se aplicando perfeitamente à trajetória do ser humano. Caso você tenha confiança e comando sobre sua vida, não será qualquer adversidade que o fará desistir. É dentro dessa ideia que Meu Amigo Enzo (The Art of Racing in the Rain), dirigido por Simon Curtis (Adeus, Christopher Robin), é construído.

Baseado no romance homônimo de Garth Stein, a narrativa nos apresenta Denny Swift (Milo Ventimiglia), um espirituoso aspirante a piloto de Fórmula 1, sempre envolvido com velocidade e manobras arriscadas. Ele acaba por conhecer Eve (Amanda Seyfried), professora de inglês para estrangeiros, mas que não se encanta inicialmente por automobilismo. Ela se torna sua esposa, e mãe da pequena Zoe (Ryan Kiera Armstrong). Denny, porém, tem um melhor amigo, Enzo, um golden retriever. E graças aos fortes laços que criou com seu dono, o cão passa a ter insights sobre a condição humana, percebendo que todo o aprendizado do piloto nas corridas poderia ser bem aplicado a uma trajetória de vida de sucesso.

A premissa, pouco convencional, propõe que o adorável cão nos apresente isso ao longo da narrativa, seja nos momentos felizes ou tristes do protagonistas.

Foto: Fox Film do Brasil

De início é comum estranhar o som mais abafado nas vozes dos seres humanos e o tom mais forte na narração de Enzo, que é dublado por Kevin Costner (Estrelas Além do Tempo). Mas logo nos acostumamos, por se tratar de um efeito narrativo proposital, na intenção de destacar a visão de mundo do personagem canino. O animal faz um paralelo perfeito entre as manobras de Denny durante as provas e as situações comuns do dia a dia, principalmente na relação do rapaz com a esposa, que sofre com uma doença.

“Se você é um piloto que desiste logo de cara na primeira curva, é fraco."

A sagacidade de Enzo e o apelo emocional do roteiro, que encontra um perfeito equilíbrio entre drama e humor, conquistam o espectador. Nos momentos de angústia e de percepção de sofrimento dos humanos, o cãozinho não apenas se coloca no lugar deles, como também reconhece suas limitações. Mediante estímulos ele consegue transparecer suas emoções e até mesmo influenciar o comportamento de seus donos.

O elenco humano, aliás se destaca. Milo Ventimiglia (This is Us) vive um homem ciente de que se afastou da família devido a sua rotina, mas com cede de mostrar que se importa com eles. Amanda Seyfried (No Coração da Escuridão), por sua vez, vive uma mulher forte, que enfrenta a doença de peito aberto, disposta a lutar até onde puder para voltar para os braços de sua família. Já a pequena Ryan Kiera Armstrong (Anne With An E), com sua ternura e inocência, encara a personagem com tranquilidade, convivendo com o drama vivido pelos pais com uma maturidade impressionante para uma criança.

Foto: Fox Film do Brasil

Longe da pieguice e do melodrama que sua premissa poderia sugerir, Meu Amigo Enzo emociona, entretêm e passa a bela mensagem de que a relação entre homem e animal é sincera e não precisa de palavras para se mostrar leal e verdadeira. Quem tem um cãozinho certamente irá adorar. E quem não cria, provavelmente ficará inclinado a fazê-lo.

Excelente

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