CRÍTICA | Um Dia de Chuva em Nova York


Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Elenco: Timothée Chalamet, Elle Fanning, Selena Gomez, Jude Law, Diego Luna, Rebecca Hall, Liev Schreiber, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2019


As polêmicas que rondam o nome de Woody Allen (Manhattan) quase impediram o lançamento de Um Dia de Chuva em Nova York (A Rainy Day in New York). Ainda que o filme esteja começando a ser exibido mundialmente, em solo norte-americano ele ainda é uma incógnita, fruto da pressão social e do entrave judicial entre o diretor e a Amazon Studios, que financiou o longa. Isso tudo não impediu mais uma boa obra de seu veterano realizador.

O longa conta a história do jovem casal Gatsby Welles (Timothée Chalamet) e Ashleigh Enright (Elle Fanning). Ele é um bon vivant, que consegue faturar algum dinheiro em partidas de poker. Ela uma estudante de jornalismo do Arizona, que vai passar um fim de semana com o namorado em Nova York e acaba por ter a chance de entrevistar um grande diretor cult, Roland Pollard (Liv Schreiber). Suas trajetórias acabam traçadas por caminhos diferentes durante um dia chuvoso na Big Apple.

Assim como ocorre em Meia-Noite em Paris (2011), o protagonista se vê em meio a um quadro caótico que beira à neurose, com seus dilemas entrelaçando assuntos como infidelidade, fama e, principalmente, cinema. Algo comum na filmografia de Allen, é bem verdade.

Foto: Imagem Filmes

Enquanto circula pelas ruas de Manhattan, Gatsby encontra Shannon (Selena Gomez), irmã de uma ex-namorada, com a qual passa a ter conversas que o fazem refletir sobre quais caminhos deve seguir em relação à carreira e o futuro de sua relação com Ashleigh. Essa última, por sua vez, acaba conhecendo mais dois homens (além de Pollard) diretamente ligados à sétima arte esta acaba por conhecer três homens diretamente ligados à sétima arte: o roteirista Ted Davidoff (Jude Law) e o galã Francisco Vega (Diego Luna). Num piscar de olhos acaba fisgada por aquele mundo, o que afeta tudo ao seu redor.

É inquestionável a capacidade de Allen em transformar uma cidade em um personagem de sua narrativa. Nova York é novamente filmada com amor pelo cineasta, o palco responsável por realizar grandes transformações nos personagens, além de despertar amor e intensidade em seus corações. Nesse ponto, a fotografia de Vittorio Storaro (Apocalypse Now) soma a esse conceito, retratando a metrópole de forma belíssima,  contrastando a chuva com os raios de sol quase que de forma onírica.

Se o sonho e o cinema são elementos muito presentes nas obras do diretor, é inevitável que o roteiro de Um Dia de Chuva em Nova York acabe soando como uma revisita a temas já vistos antes em sua filmografia. Se não há grande novidade nesse sentido, ao menos a proposta é desenvolvida com a sua competência habitual, ancorada em um jovem e talentoso elenco.

Timothée Chalamet (Me Chame Pelo Seu Nome) transmite com segurança todas as angústias e conflitos internos de seu protagonista, encontrando sua catarse enquanto desvenda Nova York e seus  interessantes personagens. Elle Fanning (Malévola: Dona do Mal), se deixar levar por uma atmosfera hipnotizante, vivendo uma personagem um tanto quanto vulnerável, mas repleta de sonhos, buscando aproveitar cada momento da melhor forma. Selena Gomez (Os Mortos Não Morrem), por sua vez, vive uma persona diferente do que estamos acostumados a vê-la interpretar. Uma garota despojada, irônica, sarcástica e disposta a se jogar de cabeça e enfrentar as armadilhas da vida. A atriz se destaca, neste que é um dos melhores trabalhos de sua carreira.

Foto: Imagem Filmes

Um Dia de Chuva em Nova York é uma espécie de retorno às origens de Woody Allen, com uma Nova York apaixonante, bela e capaz de influenciar diretamente seus complexos personagens. As subtramas se misturam e acabam por encontrar um denominador comum na medida em que o espectador junta as pelas. Se não chega a surpreender, o diretor ainda sabe contar histórias divertidas e envolventes com maestria.

Bom

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