CRÍTICA | Bling Ring: A Gangue de Hollywood

Direção: Sofia Coppola
Roteiro: Sofia Coppola
Elenco: Emma Watson, Katie Chang, Israel Broussard, Claire Julien, Taissa Farmiga, Leslie Mann, entre outros
Origem: EUA/Reino Unido/França/Alemanha/Japão
Ano: 2013


Baseado em fatos, Bling Ring: A Gangue de Hollywood (The Bling Ring), de Sofia Coppola (Um Lugar Qualquer), reconta a inacreditável história de cinco adolescentes de Los Angeles que, obcecados por fama e luxo, invadiram e furtaram residências de celebridades – como, Paris Hilton, Lindsay Lohan, Megan Fox e Orlando Bloom – entre os anos de 2008 e 2009. 

Assim como em outros filmes do tipo coming of age, Bling Ring inicia com Marc (Israel Broussard) chegando à sua nova escola. Após anos sendo tutorado pela mãe, o jovem volta para o convívio escolar e tem dificuldade para se enturmar até que conhece Rebecca (Katie Chang) e suas amigas, Nicki (Emma Watson), Chloe (Claire Julien) e Sam (Taissa Farmiga).

Como é natural da idade, o grupo passa os dias badalando e postando fotos nas redes sociais. Numa das inúmeras festas que frequentam, Rebecca convida o novo amigo para "checar alguns carros". Dos que encontra abertos, a garota retira carteiras e bolsas, deixando Marc pasmo. Porém, qualquer reação de desaprovação dura pouco. Logo, é ele quem leva a amiga para a casa de um "peguete" que está viajando, a qual ela saqueia. Achando-se invencíveis, a dupla decide ousar e entra na casa de Paris Hilton, ao descobrir pela internet que ela está fora da cidade. O sucesso da empreitada faz com que as demais amigas se unam à dupla para não somente ir à casa da socialite como adentrar outros domicílios. Nem mesmo depois de terem suas imagens capturadas por câmeras de segurança na casa de Orlando Bloom a gangue desiste de saquear as mansões. 

Foto: Diamond Films

Sofia baseia-se no artigo de Nancy Jo Sales para a Vanity Fair e escreve um roteiro sagaz. De maneira sarcástica, a diretora faz uma crítica ao universo em que vivemos, supérfluo e cada vez mais centrado na imagem. Levando o espectador ao mundo daqueles jovens sem nunca os julgar, ela transmite para a audiência o descaso com o qual os adolescentes encaravam suas escolhas. O não julgamento, no entanto, não causa simpatia. Muito pelo contrário. 

Como em outros de seus filmes, a cineasta utiliza muito bem a trilha sonora, justapondo cenas em que só existe o barulho da rua com outras que vangloriam o estilo de vida criminoso e luxuoso dos personagens. Como em toda boa obra, a música engrandece o roteiro, conferindo tensão aos momentos certos e alívio cômico quando necessário.

No que se refere ao elenco, o destaque vai para Emma Watson (As Vantagens de Ser Invisível). A atriz encarna muito bem a patricinha Nicki, dando o peso irônico necessário aos diálogos hilários, que revelam sua falta de completa futilidade e moral maleável, muito, talvez, pela influência da mãe excêntrica, Laurie (Leslie Mann), cujo best-seller O Segredo (Rhonda Byrne) é não somente um livro de cabeceira, mas também guia de vida. 

O que incomoda um pouco na produção são as entrevistas com os membros da gangue, entrecortadas à medida que a trama avança. Embora os trechos permitam que conheçamos mais do íntimo das personagens e suas percepções em relação aos demais, as entrevistas não têm todas o mesmo peso, demoram a fazer sentido e não ajudam a avançar a estória, quase truncando o ritmo da narrativa.

Foto: Diamond Films

Bling Ring: A Gangue de Hollywood apresenta um mundo em que curtidas são moeda de negociação e a exibição da vida privada é parte fundamental da existência. Uma espécie de Bonnie e Clyde: Uma Rajada de Balas (1967) moderno, mostrando como pessoas comuns são capazes de cometer atos inconcebíveis em troca de fama e dinheiro; e como a massa tem fanatismo por esse tipo de drama.

Bom


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Lívia Campos de Menezes é apaixonada por filmes, séries e boa música (leia-se rock'n'roll). Adora ler e viajar. Mora em São Francisco (CA), onde trabalha como produtora de cinema independente.

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