CRÍTICA | E.T.: O Extraterrestre

Direção: Steven Spielberg
Roteiro: Melissa Mathison
Elenco: Henry Thomas, Dee Wallace, Peter Coyote, Drew Barrymore, Robert MacNaughton, entre outros
Origem: EUA
Ano: 1982


Steven Spielberg (Contatos Imediatos do Terceiro Grau) revolucionou o cinema com aventuras fantásticas que se tornaram grandes sucessos de bilheteria e foram aclamadas pela crítica, como Tubarão (1975) e Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida (1981). Em 1982, lançou aquele que viria ser um dos trabalhos mais aclamados de sua carreira: E.T.: O Extraterrestre (E.T.: The Extra-Terrestrial).

O filme narra a história de Elliot (Henry Thomas), um garotinho que cria uma bela amizade com um alienígena perdido – que ele chama de E.T. – ajudando-o a encontrar uma forma de voltar para casa antes que os agentes do governo norte-americano possam capturá-lo.

Falar dessa obra com objetividade é uma tarefa quase impossível, já que se trata de um dos filmes mais emocionantes e marcantes já feitos. Spielberg e a roteirista Melissa Mathison (O Bom Gigante Amigo) trabalham muito em cima do medo do desconhecido e, principalmente, subvertem a imagem de seres extraterrestres, costumeiramente conhecidos como monstros que buscam destruir a humanidade. Aqui a proposta é outra. Mais que um filme sobre alienígenas, trata-se de uma história sobre amizade.

E.T. e Elliot criam um laço muito forte, afinal, ambos estão passando - de certa forma - pelas mesmas dificuldades, se sentindo perdidos. E.T. está perdido em lugar que não conhece, com pessoas diferentes da sua espécie que querem lhe caçar; já Elliot está desolado com a separação dos pais e a distância do pai que se mudou. O mais interessante é que esse sentimento do garoto sobre o divórcio nunca é explicitado, afinal, nem tudo sempre precisa ser dito em tela. O trauma reprimido reflete-se em sua personalidade e na relação que tem com os familiares.

Foto: Universal Pictures

A chave do filme foi encontrar três jovens atores que pudessem responder com inocência e bom humor aos acontecimentos propostos pelo roteiro. Os irmãos Elliott, Michael (Robert MacNaughton) e Gertie (Drew Barrymore) estão perfeitos nos papéis, com o primeiro assumindo o papel de liderança e protagonismo importante para sua transformação e amadurecimento. E aqui devemos destacar o design de produção, que apostando em efeitos práticos criaram um extraterrestre de estranheza física - para os padrões humanos - mas que cativa o espectador e permite acreditarmos que a amizade criada seria possível em nosso mundo.

Na relação do extraterrestre com as crianças, vemos como o longa trabalha a questão da comunicação em sociedade, ou como se comunicar com o diferente. Spielberg, ciente dessa importância em um filme feita para a família, aproveita essa deixa para explorar outros temas pertinentes, como lealdade, confiança e carinho. E essa é a essência da produção. Como um conto de fadas que toca o coração, mas também desafia com seus significados alusivos.

Outro grande destaque é a trilha sonora de John Williams (Jurassic Park: Parque dos Dinossauros), que se tornou uma das mais clássicas da história do cinema e venceu o Oscar de melhor trilha sonora no ano seguinte. A melodia "Flying Theme" - da icônica cena do voo de bicicleta - está presente em quase todo o filme, as vezes de forma pontual, acompanhando os eventos em tela; as vezes intensificando e engrandecendo as cenas, como uma grande aventura fantástica precisa.

A já citada cena em que o E.T. faz a bicicleta voar pela primeira vez, com a lua cheia ao fundo, é um perfeito exemplo de maestria cinematográfica, onde direção, trilha sonora e fotografia constroem um momento inesquecível. Tão marcante que a imagem da bicicleta com a lua ao fundo tornou-se o simbolo da Amblin Entertainment, produtora de Spielberg.

Foto: Universal Pictures

Sem deixar de lado a crítica ao governo e à irracionalidade humana perante aquilo que não é semelhante, Steven Spielberg conseguiu em E.T.: O Extraterreste emular toda a magia do cinema em uma história de amizade, de autoconhecimento, do resgate da criança que cada um tem dentro de si. Uma aventura familiar marcante, que faz rir, chorar e gera reflexão. Simplesmente atemporal.

Excelente

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