CRÍTICA | Cemitério Maldito

Direção: Mary Lambert
Roteiro: Stephen King
Elenco: Dale Midkiff, Denise Crosby, Fred Gwynne, Miko Hughes, entre outros
Origem: EUA
Ano: 1989


Se existe alguém que teve uma quantidade mais do que razoável de obras adaptadas para o cinema, esse alguém é Stephen King. Dá pra perder as contas de quantos livros do autor viraram filmes ou séries, e escolher o favorito entre eles nem sempre é uma tarefa fácil. Doutor Sono (2019) foi a obra mais recente a fazer parte desse extenso hall, mas duas delas tem espaço especial no meu coração: Carrie, a Estranha (1976) e Cemitério Maldito (Pet Sematary, 1989). E é sobre essa última que falarei agora.

O filme (e livro) conta a história da família Creed, que se muda para uma residência no interior dos EUA para que Louis (Dale Midkiff) possa atuar como médico na universidade local. Porém, nos fundos do novo lar existe um cemitério de animais, um lugar peculiar e um tanto assustador, em que os arredores escondem um mal inimaginável que parece atrair quem se aproxima demais. E é quando Church, o gato da família, volta à vida após ser atropelado, que as coisas tomam rumos ainda mais sombrios e uma tragédia sem precedentes recai sobre os Creed.

Adaptações de obras de sucesso são sempre um grande desafio, no entanto, isso não parece ter assustado Mary Lamber (O Despertar), que assumiu a direção do longa e fez um trabalho exemplar. Ouso dizer que é uma das adaptações mais fiéis e cuidadosas das obra de King. Não à toa ela contou com o próprio autor como roteirista.

É certo que não foi uma tarefa simples, afinal, O Cemitério (título em português do livro) é um obra que, além de longa, se constrói de uma maneira muito peculiar, vagarosa, e que entrega o terror propriamente dito muito depois da metade da história. Então, como não tornar o filme maçante, desinteressante ou não acelerá-lo de uma maneira que estrague a trama?

Paramount Pictures

Mary e King foram muito cuidadosos ao construírem uma narrativa sólida e que se desenvolve no ritmo correto, sem perder a essência da versão literária, mas com o andamento o ritmo necessário para um longa-metragem. O equilíbrio é a palavra chave aqui, inegavelmente.

Costumo dizer que as obras de King vão muito além do terror. Resumi-las ao gênero é uma análise pobre. Cemitério Maldito, por exemplo, é uma obra que não traz apenas elementos assustadores e criaturas que retornam a vida, como também trata dos medos mais profundos do ser humano e de como convivemos com eles. É uma história sobre luto e como não estamos prontos para lidar com a morte. É fácil se envolver e se identificar com os personagens.

Uma história bem desenvolvida, uma direção cuidadosa, um elenco interessante, uma narrativa aterrorizante com cenas e personagens maravilhosos como Zelda Goldman (que deve ter causado belos pesadelos lá em 1989), e de quebra uma das crianças mais assustadoras, demoníacas, encapetadas e icônicas do cinema, afinal, se você nunca viu uma imagem sequer do Gage Creed (Miko Hughes) com sua faca na mão, você não esteve no planeta Terra. E nem mencionei uma das cenas de morte mais dolorosas e marcantes, emocionalmente falando. 

Contando ainda com uma trilha sonora inesquecível - já que "Pet Sematary", dos Ramones, não passa batido - Cemitério Maldito talvez não seja tão assustador para o público de hoje em dia, como fora em seu lançamento, mas se você nunca assistiu, não deixe de faze-lo. Você provavelmente não irá se arrepender.

Paramount Pictures


Ótimo

  

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