CRÍTICA | Tarzan

Direção: Chris Buck e Kevin Lima
Roteiro: Tab Murphy, Bob Tzudiker e Noni White
Elenco: Tony Goldwyn, Minnie Driver, Brian Blessed, entre outros
Origem: EUA
Ano: 1999

O popular romance "Tarzan dos Macacos", escrito por Edgar Rice Burroughs, ganhou sua adaptação animada pela Disney em 1999, tornando-se uma das mais prestigiadas de todos os tempos. Tarzan pode ser considerado um clássico das animações por diversos motivos, principalmente por seu primor técnico e sua mensagem importante. A obra, acima de tudo, trata sobre descobrimento.

"Na jornada que começa, mil perguntas vão surgir. Vai achar suas respostas. Vai saber aonde ir." 

O filme logo de início impressiona apresentando o navio de um casal de ingleses com seu filho, que pega fogo perto de uma grande floresta na África. Eles conseguem fugir e se estabelecem em uma casa na árvore, mas o casal acaba sendo morto por um leopardo. Assim, o menino acaba sendo resgatado por gorilas e sendo criado como se fosse filho deles.

Tarzan (Tony Goldwyn) vive essa vida na floresta com os animais e aos poucos aprende ensinamentos de como um grande homem deve ser. Tudo isso é abalado quando uma equipe de exploradores da Inglaterra, Professor Porter (Nigel Hawthorne), sua filha Jane (Minnie Driver) e o guia Clayton (Brian Blessed), chegam ao local.

Walt Disney Pictures

Tarzan tem uma sensibilidade comovente ao tocar em temas complexos e relevantes como criação (adoção), descobrimento e exploração sobre a humanidade e os animais. Mesmo sendo criado gorilas, Tarzan sempre foi tratado como igual, o que é fundamental no desenvolvimento de um homem.

Ele se descobre em definitivo como ser humano quando se depara com a equipe de exploradores e quer entender mais sobre como é sua espécie, já que também acabava se sentindo um pouco deslocado perto dos animais. Ele descobre um dos lados mais positivos na humanidade, que é o amor, ao se apaixonar por Jane. Mas também se depara com o pior, o lado aproveitador dos seres humanos, explorando tudo a todo custo.

Todos esses temas são trabalhados pelos diretores Chris Buck (Frozen: Uma Aventura Congelante) e Kevin Lima (Encantada), em conjunto com os roteiristas Tab Murphy (Irmão Urso), Bob Tzudiker (Anastasia) e Noni White (O Rei Leão) de maneira natural. As temáticas fluem perfeitamente pela narrativa que, por mais fortes que sejam, discorrem em uma adaptação simples que nunca deixa de emocionar, divertir e empolgar.

Tecnicamente também é uma das produções mais ambiciosas visualmente da Disney – um feito revolucionário para o estúdio na época. Tarzan consegue explorar as florestas e seu habitat com bastante riqueza de detalhes, além de promover cenas de ação e aventura alucinantes por toda a obra.

A trilha sonora original é outro elemento impressionante. As canções compostas pelo icônico Phil Collins, conseguem transmitir muito bem a melancolia que o filme precisa e, por outras vezes, a empolgação para acompanhar suas cenas de ação e aventura nostálgica. Todas as músicas apresentadas são também recursos narrativos, que dialogam com as cenas e as impulsionam. E não faltou reconhecimento, afinal, "You'll Be In My Heart" venceu o Oscar de Melhor Canção Original e, a trilha como um todo, venceu o Grammy.

Vale destacar ainda a versão brasileira do cantor Ed Motta. Um trabalho lindo, dada a responsabilidade de adaptar as composições originais de Collins.

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“Ponha sua fé no que você deve acreditar. Dois mundos, uma família. Confie em seu coração, deixe o destino decidir.”

Os dois mundos cantados por Collins, o animal e o dos humanos, permitem reflexões que se tornam cada vez mais atuais. Como um paraíso, até então intocado pelo homem, pode se tornar alvo de exploração e práticas abusivas da natureza e do meio-ambiente. O que Tarzan aprendeu enquanto ele teve seu primeiro contato com os humanos, serviu como autoconhecimento e para ele se aceitar como é, afinal, família é quem te ajuda a crescer e não quem tem o mesmo sangue.

Tarzan é uma das animações mais emocionantes e ambiciosas já feitas. Conta com um primor técnico e visual, uma trilha sonora marcante e cenas de ação empolgantes. Tudo isso sem nunca esconder sua forte mensagem sobre empatia, descobrimento e aceitação.

Ótimo

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