CRÍTICA | Missão: Impossível 2

Direção: John Woo
Roteiro: Robert Towne
Elenco: Tom Cruise, Dougray Scott, Thandie Newton, Ving Rhames, entre outros
Origem: EUA / Alemanha
Ano: 2000


O primeiro Missão: Impossível (Mission: Impossible, 1996) conquistou o público ao sair da zona de conforto da maioria dos filmes de espionagem, que, estabelecidos pela franquia 007, costumavam trazer sempre um protagonista boa pinta, que bebia seu drink, ficava com a mulher mais bonita e cumpria suas missões sem sofrer arranhões. Lá, Ethan Hunt (Tom Cruise) mostrou que seu agente secreto sofria, apanhava, se agarrava a um trem em movimento, mas no fim das constas, quase sempre era salvo por sua inteligência acima da média. Em 2000 estreou a aguardada sequência.

Na trama o Dr. Vladmir Nekhorvich (Rade Serbedzija) desenvolve um vírus mortal chamado de "Quimera" e também um antidoto nomeado "Belerofonte". O bioquímico recorre a IMF para que o vírus não caia nas mãos dos magnatas da indústria farmacêutica, porém, o cientista acaba enganado por um ex-agente chamado Sean Ambrose (Dougray Scott), que se passava Hunt. Ele mata acaba matando Nekhorvich e ficando com o vírus e o antidoto.

Enquanto isso, o verdadeiro Hunt está de férias, escalando rochas, quando recebe a informação da morte do cientista e a missão de reaver vírus e antidoto, antes que algo pior aconteça. Em seu caminho, porém, estará Nyah Nordoff-Hall (Thandie Newton), uma ladra profissional e ex-namorada de Ambrose.

Foto: Paramount Pictures

Se no primeiro filme a tensão e o suspensa comandavam a narrativa, aqui temos uma subversão de proposta, onde cenas de ação bem orquestradas ditam o ritmo do longa. São justamente nesses momentos que Missão: Impossível 2 brilha, com movimentos de câmera inventivos ou uma edição acelerada que não prejudica o entendimento da cena. Frutos do bom trabalho de John Woo (A Outra Face), que domina o filme de maneira competente, seja no momento em que faz um plano detalhe da roda da moto em movimento ou em simples momentos como o sacar de uma arma. São detalhes que trazem a identidade do diretor para a franquia.

Algo a ser pontuado, no entanto, é a fixação do cineasta por pombas. Pode parecer um detalhe bobo, mas elas aparecem em vários momentos de sua filmografia, e aqui não é diferente. Gosto de pensar que Woo utiliza esse recurso como uma metáfora antagônica, visto que esses animais são reconhecidos por serem símbolos da paz, porém sempre são vistos em seus filmes onde há pancadaria e explosões. Em determinado momento é possível ver uma pomba branca em computação gráfica, que só não é mais tosca que as várias vezes em que personagens tiram as famosas máscaras de látex, marca registrada da franquia.

E se no longa anterior tínhamos uma trama bem estruturada, com múltiplos personagens em destaque, aqui fica claro que o filme de Tom Cruise (Dias de Trovão), fazendo com que personagens inicialmente promissores como a própria Nyah sejam pouco explorados ou percam força durante a narrativa, uma falha de roteiro que prejudica o resultado final.

Foto: Paramount Pictures

Outra mudança perceptível nessa sequência é a utilização de artefatos tecnológicos. O tempo inteiro vemos personagens acompanhados de dispositivos, que mais parecem uma placa de circuitos, acoplados no pescoço e que imitam a voz dos interpretes que estão utilizando as máscaras de disfarce, por exemplo. Não que isso soe implausível dentro da estrutura estabelecida pelo filme, mas tratando-se de um recurso utilizado a exaustão, acaba diminuindo o impacto no espectador com o passar do tempo.

As atuações continuam sendo um ponto forte, com Ving Rhames (Madrugada dos Mortos) retornando com seu carisma e diversão, além da introdução de Thandie Newton (Westworld), que faz muito com o pouco que o roteiro lhe concede. Dougray Scott (Sete Dias com Marilyn) é a reciclagem do vilão de motivações batidas, já Tom Cruise aqui iniciaria sua trajetória de grandes cenas de ação sem a utilização de dublês. A mais marcante é logo no inicio do longa, com Hunt e escalando e saltando de rochedo em rochedo.

Missão: Impossível 2 está longe de ser um filme de ação ruim, no entanto, devido ao uso excessivo de artefatos tecnológicos e o fraco roteiro que não valoriza os personagens coadjuvantes, acaba tornando-se uma obra de pouca relevância, servindo apenas para mostrar que a franquia poderia sobreviver reinventando estilos dentro dela própria.

Bom

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