CRÍTICA | A Grande Mentira


Direção: Bill Condon
Roteiro: Jeffrey Hatcher
Elenco: Helen Mirren, Ian McKellen, Russell Tovey, Jim Carter, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2019


A vida é cheia de aprendizados, momentos únicos, mas também de armadilhas. É preciso muito jogo de cintura e esperteza para não pisar em falso. Essa última premissa está contida em A Grande Mentira (The Good Liar), novo filme de Bill Condon (Sr. Sherlock Holmes) que traz duas grandes estrelas em seu elenco, Ian McKellen (X-Men: Dias de um Futuro Esquecido) e Helen Mirren (Anna: O Perigo Tem Nome). Um jogo de gato e rato e ao mesmo tempo um suspense envolvente.

Inspirado no best-seller homônimo de Nicholas Searle, a narrativa nos apresenta ao golpista Roy Courtnay (McKellen), que tira a sorte grande e conhece através de um site de relacionamentos Betty McLeish (Mirren), uma viúva rica e de puros sentimentos. Após Betty abrir sua casa e sua vida a ele, Roy começa a ter grande afeição por ela, passando a se importar verdadeiramente com a mesma, mesmo que seu real objetivo fosse roubar a sua fortuna.

O primeiro atrativo de A Grande Mentira está na apresentação de seus protagonistas. Roy um vigarista ganancioso. Betty uma mulher solitária e de alma nobre. Ao notar toda a bondade e aparente ingenuidade da vítima, o golpista vai com tudo para cima dela e apresenta ao espectador um plano impressionante e que soa infalível. Já a viúva conta de vez em quando com a visita do neto Stephen (Russel Tovey), um grande pesquisador e especialista em história e que pode se tornar uma grande pedra no sapato de Roy.

Foto: Warner Bros Pictures

Na medida em que o tempo passa e Roy vai percorrendo as etapas de seu golpe, notamos o charme e elegância que o protagonista imprime para chamar a atenção, seduzir sua vítima e fazê-la cair em sua rede. As palavras proferidas, compostas por algumas expressões de efeito, além da combinação da roupa com o ambiente e as conversas articuladas com Vincent (Jim Carter), o cúmplice, são impressionante e, em dados momentos, nos fazem acreditar em tudo aquilo que está acontecendo. Betty, por sua vez, também é uma surpresa, já que visivelmente se mostra atraída por Roy, ao mesmo tempo que demonstra ser muito observadora e não tão ingenua como parece.

Outro ponto positivo é a montagem do longa, que mistura linhas temporais com eficácia, utilizando elementos do passado para solucionar enigmas presentes e revelar a verdadeira face do golpista. Nesse ponto, o plot twist estabelecido pelo roteiro nos faz lembrar as obras de Alfred Hitchcock (Psicose), o que é sempre um elogio.

Se o enredo e os aspectos técnicos já se destacam, o trabalho da dupla veterana de atores é soberbo, já que ambos conduzem a trama com a qualidade e equilíbrio dramáticos necessários. A sagacidade de Ian McKellen é um ótimo contraponto à sutileza de Helen Mirren, ingredientes de uma história que requer não só atenção, mas também parcimônia para encaixar as peças do quebra-cabeça que aos poucos se revela.

No fim, A Grande Mentira apresenta um estudo sobre a natureza humana, mas nunca deixa de oferecer também ótimo entretenimento, cheio de mistérios e mensagens interessantes. Afinal, o preço pago pelas escolhas que fazemos em nossas vidas pode ser alto e o passado, mais cedo ou mais tarde, vem ao nosso encontro.

Foto: Warner Bros Pictures


Ótimo

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