CRÍTICA | Brooklyn Sem Pai Nem Mãe


Direção: Edward Norton
Roteiro: Edward Norton
Elenco: Edward Norton, Gugu Mbatha-Raw, Alec Baldwin, Willem Dafoe, Bruce Willis, Bobby Cannavale, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2019


Em boa parte das vezes em que nos deparamos com um filme noir que explora a temática policial, imaginamos um protagonista forte, uma atmosfera sombria, além de uma cidade que funcione como personagem da história. Todos esses elementos fazem parte de Brooklyn Sem Pai Nem Mãe (Motherless Brooklyn), primeiro longa-metragem escrito, dirigido e protagonizado por Edward Norton [Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)], que já havia estreado na direção anteriormente no simpático Tenha Fé (2000), mas sem roteirizá-lo.

Inspirada no livro homônimo de Jonathan Lethem, a obra acompanha Lionel Essrog (Norton), um solitário detetive que sofre da síndrome de Tourette, fato que o impede de controlar tudo que diz. Ele investiga a morte de seu amigo e mentor, Frank Minna (Bruce Willis), mas possui poucas pistas sobre o que de fato aconteceu. Lionel, bastante obsessivo, passa a transitar por diversos pontos de Nova York em busca de respostas, acabando envolvido em uma forte conspiração na metrópole norte-americana.

A atmosfera noir, com a presença de mafiosos, imagens em preto e branco e uma trilha sonora repleta de jazz e blues, proporciona a imersão característica do gênero ao espectador. Na medida em que a trama se desenrola, temas como a convivência em sociedade e as dificuldades das pessoas se realocarem em uma nova realidade local dão o tom da narrativa, quer permanentemente entrega um clima aflitivo por conta da morte de Minna. As pistas encontradas são as peças de um enorme quebra-cabeças e acompanhar a jornada do protagonista inserido nesse contexto é deveras interessante.

Foto: Warner Bors Pictures

Nova York é retratada como uma cidade melancólica, fria, sombria, ao mesmo tempo que é um antro de mafiosos. E quem ousar adentrar esse universo poderá enfrentar sérias consequências, que é justamente o que ocorre com nosso protagonista. Os espasmos de Lionel causam agonia e aflição, fazendo com que qualquer deslize do mesmo possa ser fatal.

Ainda que interessante e bem construída, algumas subtramas soam desnecessárias a narrativa, tomando um tempo de tela precioso e que sentimos falta durante a condução do desfecho, que soa apressado demais. A impressão que fica é que a trama perde seu encante justamente em seus momentos decisivos, com a revelação de seus mistérios, o que é um tanto decepcionante.

Alec Baldwin (Infiltrado na Klan) e Willem Dafoe (No Portal da Eternidade) se destacam em um elenco recheado de nomes marcantes, como os de Bobby Cannavale (O Irlandês) e Bruce Willis (Corpo Fechado). Esse último, mesmo com pouco tempo de tela, vive momentos muito semelhantes aos que viveu em Sin City: A Cidade do Pecado (2005), sempre com uma presença imponente.

Por fim, em meio a seus altos e baixos, Brooklyn Sem Pai Nem Mãe entrega uma premissa imersiva e instigante, mas esbarra em excessos de roteiro que acabam afetando seu resultado final, que prometia muito mais, especialmente pelo elenco qualificado escalado.

Foto: Warner Bros Pictures


Bom

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