CRÍTICA | Os Amantes Passageiros

Direção: Pedro Almodóvar

Roteiro: Pedro Almodóvar

Elenco: Javier Cámara, Raúl Arévalo, Antonio de la Torre, entre outros

Origem: Espanha

Ano: 2013

Com destino ao México, um avião levanta voo na Espanha, no que parece ser mais um dia convencional, com o número elevado de passageiros na classe econômica, acompanhados pela minoria na primeira classe. Joserra (Javier Cámara) é um aeromoço com a responsabilidade de passar as informações de segurança e conduta, mas que possui traumas referentes a um voo antigo, em que passaram por um ataque de pânico de um viajante.

O restante da equipe é composto por Fajas (Carlos Areces) e Ulloa (Raúl Arévalo), aeromoços assistentes que mostram na prática como devem agir, caso surja um imprevisto durante a viagem. Benito Morón (Hugo Silva) e Álex Acero (Antonio de la Torre), pilotos do avião, que ao mesmo tempo em que passam tranquilidade, não sabem bem o que estão fazendo e esquecem que estão em horário de trabalho.

Um imprevisto acontece e o avião apresenta problemas técnicos, impossibilitando que o percurso continue ao seu destino, tendo que permanecer sobrevoando o mesmo local de partida para que não arrisque a vida das pessoas presentes e aconteça algo mais desastroso. Logo, os pilotos estão encarregados de procurarem uma pista livre em algum aeroporto próximo para realizar um pouso de emergência.

Logo de início percebe-se que Os Amantes Passageiros (Los Amantes Pasajeros) possui um baixo orçamento em comparação às outras obras de Pedro Almodóvar (A Pele Que Habito), já que possui poucas cenários, passando a maior parte do tempo dentro do avião e tornando a narrativa um pouco claustrofóbica e cansativa. Além disso, para quem está acostumado com as produções dramáticas e pujantes do cineasta, acaba estranhando a comédia acompanhada de um teor estereotipado, escrachada e musical.

El Deseo

Há uma reunião de atores e atrizes que trabalharam com o diretor anteriormente, até mesmo em "pontas" ilustres, mas que não trazem qualquer relevância à história, como é o caso de Antonio Banderas (Ata-me) e Penélope Cruz (Abraços Partidos).

O filme carrega o estereótipo de como o catolicismo é presente na população espanhola, ao vermos Fajas abrir uma “maleta-altar” improvisada, em que ele utiliza para fazer orações durante o voo. É cômico, mas o momento não perpetua por muito tempo, voltando ao ponto que mais é citado: a orientação sexual da tripulação. A maioria é gay ou bissexual, demonstrando sobre a crença popular que a pessoa que segue essa profissão não é heterossexual.

Outro momento que tira uma gargalhada do espectador é quando os pilotos reconhecem o problema técnico, começam a discutir, partem para o lado pessoal de cada um e um dos passageiros ressalta que a solução seria matar a pessoa responsável. Benito zomba que esperava essa reação vindo de um sul-americano, que sabe que as vidas por aqui não possuem valor e resolvem sempre do mesmo modo, mas o passageiro reafirma que é mexicano, pertencendo à América Central.

O motivo do título em inglês ser tão diferente, em comparação ao original espanhol e em português, é pela música presente na trilha sonora, "I’m So Excited", performada pelas The Pointer Sisters, um clássico dos anos 1980. A cena em questão segue com lip sync dos personagens, reforçando uma prática comum no público gay, como vemos em produções como no reality show RuPaul’s Drag Race.

O ápice do sensacionalismo é alcançado quando vemos o sexo como forma de descontrair e o avião se torna um bordel, após um dos passageiros fornecer comprimidos que, com a ajuda da tripulação, acabam misturados com bebida alcóolica.

El Deseo

Infelizmente Os Amantes Passageiros é, na maior parte do tempo, um amontoado de momentos infames, tentando se tornar cômico com piadas de humor regional, porém acaba acertando em uma versão sem sucesso de Apertem os Cintos... O Piloto Sumiu (1980), um clássico da Sessão da Tarde. Apesar do filme carregar todas as características marcantes de Almodóvar, ele acaba não se destacando perante sua filmografia, tornando-se apenas esquecível.

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