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Rafael da Fonte de Hires
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Cara Gente Branca (Dear White People) é conhecida pelas críticas que faz sobre o comportamente de nossa sociedade perante as minorias, em especial os negros. Atrelado a temática, aspectos técnicos como direção e roteiro fizeram com que a série ganhasse uma legião de fãs, garantindo seu retorno para sua segunda temporada. Resta saber se a produção fez a lição de casa ou se acomodou na mesmice.
A trama aqui segue imediatamente os eventos do season finale passado. Troy Fairbanks (Brandon P. Bell) foi preso pela segurança do campus depois de ter destruído uma vidraça de porta e Sam (Logan Browning) está lidando com um troll que, constantemente, a instiga através da internet. Lionel (DeRon Horton) e todos que trabalhavam no jornal Independent agora estão desempregados. Gabe (John Patrick Amedori) está produzindo um documentário para contrapor as opiniões de Sam e Coco (Antoinette Robertson) ainda tenta fazer parte de grupos seletos. Se tudo isso não fosse o bastante, a casa Davis pega fogo e os estudantes de lá são transferidos para a casa Armstrong-Parker.
Desta vez o roteiro procura focar nas tramas paralelas, mostrando mais sobre o passado da faculdade e as tais sociedades secretas que se construíram ao longo dos séculos, indo mais a fundo nos eventos anteriores de cada um dos personagens. O humor soa mais sarcástico e as críticas ainda mais afiadas. Se antes a série denunciava os comportamentos estúpidos daqueles que se diziam não serem racistas, a intenção agora é questionar e lutar pela causa.
Foto: Saeed Adyani / Netflix |
As atuações continuam no mesmo nível. Logan Browning (Amor de Irmão) assume agora uma personalidade paranoica para Sam, onde o troll parece consumir uma parcela considerável de seu tempo livre. A personagem também lida com uma raiva irrefreável, já que agora há outro programa para atacar o Cara Gente Branca, entitulado de Cara Gente de Direita. Tudo isso culmina em seu encontro com Rikki Carter (Tessa Thompson), uma apresentadora de TV que defende que boa parte das reivindicações dos negros não passa de "mimimi".
Alguns momentos da temporada soam dispensáveis, como o embate entre os parentes de Sam no episódio 9, que nada contribuem para o andamento da narrativa. Outro ponto incomodo são as tentativas de Gabe em resolver seus problemas com a protagonista, que soam apenas como brigas de casal para gerar conflito, como acontece em tantas outras séries.
No que diz respeito à trilha sonora, há uma alternância entre canções desconhecidas e outras relativamente conhecidas, como "Finally", da cantora Cece Peniston. Já as músicas instrumentais seguem apresentando tensão quando preciso, representando também a vulnerabilidade dos personagens em muitos momentos.
Posso afirmar, portanto, que Cara Gente Branca continua poderosa em sua proposta. Certamente haverão grupos que tentarão desmerecer seus atributos, o que é sempre questionável. Mesmo cometendo os pequenos deslizes que grande parte das séries cometem, a produção segue altamente recomendável.
Foto: Saeed Adyani / Netflix |
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