CRÍTICA | Ad Astra: Rumo às Estrelas


Direção: James Gray
Roteiro: James Gray e Ethan Gross
Elenco: Brad Pitt, Tommy Lee Jones, Ruth Negga, Donald Sutherland, Liv Tyler, entre outros
Origem: EUA / China / Brasil
Ano: 2019


A ciência já revelou grandes descobertas e atestamos alguns acontecimentos históricos, dentre eles a chegada do homem à Lua, além da revelação de possíveis formas de vida em Marte. Os estudos científicos ainda provocam fascínio nas pessoas, tendo em vista seu dinamismo e o poder de desafiar o ser humano a alcançar o que na teoria seria inalcançável. Essa premissa é muito bem explorada em Ad Astra: Rumo às Estrelas (Ad Astra), longa-metragem dirigido por James Gray (Z: A Cidade Perdida) e protagonizado por Brad Pitt (Era uma Vez em... Hollywood).

Roy McBride (Pitt) é um engenheiro espacial de reputação e experiência inquestionáveis. Ele parte em uma missão que envolve cruzar o espaço sideral, chegar ao planeta Netuno e descobrir as causas de uma série de raios cósmicos que ameaçam a vida na Terra, além de buscar uma forma de pará-los. Em paralelo, ele também está à procura do pai, H. Clifford McBride (Tommy Lee Jones), que se perdeu no espaço há vinte anos no caminho para Netuno, e cujo sumiço pode ter alguma relação com as descargas elétricas constantes que ameaçam a vida terrestre.

Na medida em que a trama se desenvolve, notamos a transformação psicológica do protagonista. De personalidade fria e calculista, Roy passa a viver a obsessão de querer encontrar o pai, ao mesmo tempo em que tenta concluir a missão que este iniciou. A confusão mental e a crise de identidade acabam sendo impulsos para que o personagem encare seus demônios internos buscando libertação e alcance de seus objetivos. Sua jornada acaba servindo de metáfora para o quão complexo e perigoso pode ser o ser humano, tão acostumado a viver em sociedade, mas que as vezes se vê isolado e preso a um espaço quase infinito.

Foto: Fox Film do Brasil

Como quase todo filme que se passa no espaço, Ad Astra decepciona ao presentar um ótimo espetáculo visual, com efeitos especiais grandiosos e um preciso trabalho de edição e mixagem de som. As sequências são imponentes e o espectador se sente viajando juntamente do protagonista, especialmente se a obra for assistida na melhor sala de cinema possível, deixando a experiência ainda mais imersiva e realista. Talvez seja um exagero compara-la visualmente com produções como Interestelar (2014), por exemplo, mas no que diz respeito a tensão espacial, o filme bate de frente com Gravidade (2013), sem tirar o brilho de Alfonso Cuarón (Roma).

Outro destaque é a atuação de Brad Pitt, que entrega um personagem de muita naturalidade e de alto grau de dificuldade para interpretação. O ator, cada vez mais maduro em sua função, entrega um trabalho de desenvoltura e segurança, tornando Roy um protagonista crível, além de deixar para o espectador alguns questionamentos sobre a natureza do ser humano e o papel da ciência exploratória.

O alto desempenho de Pitt, que conduz a narrativa a todo momento, já que todos os desdobramentos  do roteiro passam por seu personagem, permite que o restante do elenco também cresça, como os veteranos Donald Sutherland (Ella e John) e Tommy Lee Jones (Lincoln), além de Ruth Negga (Loving: Uma História de Amor) e Liv Tyler (O Incrível Hulk), mesmo que em participações menores.

Foto: Fox Film do Brasil

Com uma estética belíssima e uma trama consistente, com ótimas discussões sobre ciência e comportamento humano, Ad Astra leva o público a refletir sobre os limites do universo, sobre as escolhas que fazemos e os impactos que elas têm em nossa destino. Uma experiência grandiosa, que deve crescer com o tempo em nossa lembranças.

Ótimo

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