CRÍTICA | Projeto Gemini


Direção: Ang Lee
Roteiro: David Benioff, Billy Ray e Darren Lemke
Elenco: Will Smith, Mary Elizabeth Winstead, Clive Owen, Benedict Wong, entre outros
Origem: China / EUA
Ano: 2019


Will Smith (Bright) é um ator multifacetado e cheio de protagonistas marcantes. Quem não lembra do Agente J da trilogia MIB: Homens de Preto (1997, 2002, 2012)? Ou do detetive Mike Lowrey em Bad Boys (1995, 2003)? Além da sua competência habitual para a ação, o ator também já viveu personagens marcantes da vida real, como Cassius Clay em Ali (2001) ou Chris Gardner em À Procura da Felicidade (2006). Em Projeto Gemini (Gemini Man), longa-metragem dirigido pelo consagrado Ang Lee (O Segredo de Brokeback Mountain), curiosamente, será a primeira vez que Smith enfrentará a si mesmo.

A narrativa acompanha Henry Brogan (Smith), um assassino de elite que considera se aposentar após anos de matanças. Ele se torna alvo de um agente, Clay Verris (Clive Owen), de sua antiga agência, que tenta eliminá-lo com um clone mais jovem e ágil do próprio Brogan. Para descobrir o mistério por trás de seu perseguidor, o protagonista conta com a ajuda da policial Danny (Mary Elizabeth Winstead) e de seu colega Baron (Benedict Wong).

Apesar da premissa deveras interessante, o roteiro assinado por nomes promissores como David Benioff (Game of Thrones), Darren Lemke (Goosebumps: Monstros e Arrepios) e Billy Ray (Operação Overlord), pouco tem a entregar ao espectador. O que vemos é uma sucessão de eventos sem muito nexo e personagens com pouco desenvolvimento. Os diálogos, ainda que intensos e cheios de cunho filosófico, soam forçados e inverossímeis, como "ele é o espelho que você não quer ver", ou mesmo "estou cansado de lutar contra os fantasmas do passado".

Foto: Paramount Pictures

No que diz respeito ao elenco, o trio composto por Will Smith, Mary Elizabeth Winstead (Rua Cloverfield, 10) e Benedict Wong (Vingadores: Guerra Infinita), não apresenta interações sólidas e que motivem o público a torcer por eles ao longo da intensa jornada que se estabelece, muito em função do texto apresentado. No entanto, com a entrada do clone na trama, a história ganha fôlego e o público é brindado com intensas sequências de pancadaria e tiroteio, que já é alguma coisa.

O vilão vivido por Clive Owen (Valerian e a Cidade dos Mil Planetas) é unidimensional e bastante raso, com breves sequências sobre seu passado e sua relação com Junior, o cloque, que são apenas ilustradas em tempo presente.

E se mesmo a resolução dos conflitos não é das mais criativas, ao menos os efeitos digitais e a tecnologia 3D+ empregada, com projeção de 60 FPS (quadros por segundo), traz uma nova experiência visual  para a plateia. As imagens atingem definições impressionantes, com fagulhas saltando, balas atravessando os corpos e os personagens em grandes momentos de adrenalina. Mas, claro, para isso ser aprioveitado, é preciso assistir ao filme em uma sala de cinema capaz de rodar tal tecnologia.

No fim, Ang Lee pouco oferece ao espectador além de grandes cenas de ação com o uso de novas tecnologias. A sensação que fica é a de que dava para entregar muito mais, especialmente em um filme protagonizado por uma estrela como Will Smith.

Foto: Paramount Pictures

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